ENTREVISTA COM AUTORES #275 | Autor Guilherme Fernandes

by - sexta-feira, maio 30, 2025


1 - Qual foi sua inspiração para começar a escrever?
Eu sempre li bastante desde criança. Com o tempo e com o acúmulo de leituras, foi surgindo uma vontade de criar as minhas próprias histórias. Nada de muito sério, apenas uma vontadezinha. Então, sempre que essa vontade aparecia, eu criava um conto ou uma crônica breve e engavetava (a maior parte da minha escrita está engavetada, inclusive). Mais velho, comecei a colaborar com alguns jornais, trabalhando, inclusive, com a escrita de crônicas semanais durante um período da minha vida. Porém, a vida foi me engolindo e eu fui deixando de escrever. Em 2013, porém, a vontade de escrever apareceu novamente e se tornou algo maior do que eu pude controlar, o que me levou a escrever minha primeira novela — que se tornou uma das finalistas do Prêmio Sesc de literatura daquele ano. A partir daí, mantive um ritmo de escrita constante, com períodos mais voltados para a escrita acadêmica e períodos mais voltados para a escrita de ficção.

2 - Quais autores ou obras influenciaram seu estilo de escrita?
Entre os autores que mais me influenciaram, posso citar 5 nomes: Philip Roth, Charles Bukowski, Chuck Palahniuk, Rex Stout e Dashiell Hammett.

Já entre as obras, também cito 5 títulos que me forjaram: “O falcão maltês”, de Dashiell Hammett; “O sobrevivente”, de Palahniuk; “Factótum”, de Bukowski; “Um homem comum”, de Philip Roth e “O cão dos Baskervilles”, de Conan Doyle.

3 - Como você lida com o bloqueio criativo?
Eu apenas continuo escrevendo. Eu compartilho de uma tese que acredita que “só existe bloqueio criativo para quem acredita que existe inspiração”. E eu não acredito na inspiração como um processo “mágico”. Ou seja, pra mim, se você mantém-se disciplinado para escrever um pouco todo dia (ou toda semana), anotar as coisas que você observa no mundo (e nas suas leituras) e curte ler livros de estilos variados, dificilmente te faltará assunto para escrever.

4 - Quais desafios você enfrentou durante sua jornada como escritor(a)?
Acredito que todo autor que não é publicado por um grande grupo editorial brasileiro enfrenta os mesmos desafios: portas fechadas, baixo alcance das obras, vendas abaixo das perspectivas e outros problemas.

Porém, acredito que o maior desafio que enfrentamos, na literatura brasileira como um todo, é estrutural, pelo simples fato de não sermos um país leitor. A verdade — que os dados mostram, assim como nossa experiência empírica — é que pouquíssima gente lê neste país.

E quando temos um povo que não lê, dificilmente teremos um mercado editorial aquecido e pulsante, o que torna inviável a aposta em novos escritores — tanto por parte das editoras quanto dos (poucos) leitores, que preferem o conforto das mesmas leituras e estilos.

5 - Você já teve experiências significativas com seus leitores? Alguma história que gostaria de compartilhar?
Tenho um caso interessante. Certa vez, quando era mais jovem, eu peguei 50 exemplares da minha novela de estreia e distribuí em alguns pontos de SP (morava lá na época) com um bilhetinho no final do livro, que dizia “se você leu esse livro, me mande um e-mail com suas impressões sobre a história (e, por favor, faça este livro rodar por aí)”. Essa brincadeira tem mais de 10 anos e vez ou outra eu ainda recebo algum e-mail de gente que teve contato recente com essa minha novela.

6 - Como é o seu processo de escrita? Você segue uma rotina específica?
Quando estou escrevendo um livro, meu processo é simples: 5 páginas escritas todos os dias, sem negociações. Tem dias em que levo menos de 1h30 para concluir essa meta, mas há dias em que luto para vencer este limite ao longo de um dia inteiro.

Quando não estou escrevendo nada extenso, apenas reservo um tempo no final das minhas obrigações “não escritoras” e escrevo de modo fluído (principalmente quando não existe um prazo definido).

7 - Qual é o impacto que você espera que suas obras tenham nos leitores?
Eu escrevo meus livros para que as pessoas leiam e se divirtam durante a leitura. Não tenho ambições rocambolescas de “mudar o mundo” ou de me tornar uma referência na literatura brasileira. Eu quero apenas que as pessoas se divirtam lendo minhas histórias da mesma forma que eu me divirto escrevendo. E só.

8 - Quais são seus planos para o futuro? Você está trabalhando em algum novo projeto?
Meus planos para o futuro são: continuar escrevendo, continuar me divertindo e continuar vivendo. Neste momento, porém, estou apenas esboçando e anotando algumas ideias que podem ou não virar novos livros no futuro. Lancei dois livros nos últimos dois anos e foi um processo cansativo. Neste ano, então, decidi apenas deixar as coisas rolarem... se vier um novo livro, ótimo; se não vier, tudo bem também.

Gostaria de deixar algum recado para os leitores do Lost Words, e para seus futuros leitores?
Aos leitores do Lost Words, deixo um abraço. Meus livros estão disponíveis gratuitamente nos links abaixo. Se decidirem dar uma chance às minhas histórias, espero que vocês se divirtam bastante ao longo da leitura. Caso tenham gostado de me conhecer e queiram trocar uma ideia (e alguns memes de qualidade duvidosa), me encontrem lá no instagram: @gfernandes2112

Instagram: @gfernandes2112
E-mail: oguilhermefernandes@gmail.com

Sobre sua(s) obra(s):


Sinopse: Na cidade de Santa Cruz, após a explosão ocorrida no hotel Medieval, o investigador independente Teodoro Maluf decide buscar explicações para o evento, que vitimou o agente Daniel Benitez, seu melhor amigo. Fora da corporação há tempos, ele contará com a ajuda de Vera Benitez, detetive e viúva de Daniel, para tentar encontrar os responsáveis pelo crime. Durante a investigação, no entanto, a dupla se depara com um muro intransponível construído por meio de relações insidiosas entre mídia, forças policiais, empresariado e partidos políticos. Assim, resta aos investigadores trabalhar no limiar que separa a ética profissional da ilegalidade, assumindo, com isso, as duras consequências por suas escolhas. - Compre aqui!


Sinopse: Este é um livro sobre meus fracassos.

O fracasso é o preço que pagamos pelo risco. Só fracassa quem tenta, quem dá a cara à tapa, quem se expõe quando ninguém mais tem coragem para se expor. Quem fracassa tem história para contar. Quem fracassa torna-se mais forte, mais resiliente e mais ciente de suas fraquezas e de suas forças. O fracasso tende a ser um professor melhor — e muito mais eficiente — do que qualquer docente que passará pela sua vida. O fracasso é o remédio amargo, a dose controlada do veneno que se transforma, no futuro, em uma vacina para todos os males e agouros de uma boa vida. Em uma época onde todo mundo faz de tudo para esconder os seus fracassos, eu decidi expor os meus em praça pública, para quem quiser conhecê-los. - Compre aqui!

Sobre o(a) autor(a):


Guilherme Fernandes é professor, pai, marido e filho.

Beijos!

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