Eu sempre senti esse impulso dentro de mim, quando brincava com os meus brinquedos, eu já criava histórias para eles. Porém, minha vontade de escrever surgiu aos 10 anos, quando li o livro do Retorno de Jedi, e me dei conta de que a imersão de algumas cenas que eu conhecia, era muito maior na leitura do que no vídeo. Os lábios da princesa Leia se mexendo ao falar com Han Solo e a areia quente de Tatooine sentida nos pés de Luke. Tudo isso me trouxe uma vontade gigante de contar histórias, pois eu poderia relatar o sentimento na cena e ser diretor da minha obra.

Dostoiévski, para mim, é o maior escritor de todos os tempos, e tento trazer aquela complexidade narrativa para meus personagens. Lógico, eu não me comparo com ele haha, mas tento mesmo assim haha. Porém, se eu pudesse falar sobre dois autores que me influenciam no meu processo criativo, seriam: Stephen King e Dan Brown. Gosto do estilo descritivo de um e dos plots twists do outro.

Fiz um curso na Hardcover, com André Vianco, e ali aprendi muito sobre isso. Hoje, depois de criar uma rotina para minha escrita, posso dizer que não tenho mais bloqueios criativos. Foi difícil superar, mas consegui driblar esse mal.

Os desafios surgem a cada dia. Posso dizer que começar e terminar um livro era um grande problema para a minha carreira. Tinha várias ideias, mas nenhuma sequer tinha começado. Mais uma vez, agradeço à Hardcover, que me ensinou a planejar e estruturar um livro e com isso terminá-lo. Depois dessa etapa, se hoje eu pudesse eleger um desafio vencedor para driblar, seria o da divulgação. Preciso de muitos cursos para aprender, haha.

Eu gosto de sentir a perplexidade dos leitores ao se depararem com os plots em meus livros. Geralmente, eu escrevo estruturando muito bem essas reviravoltas, criando referências e, quando eles se envolvem e eu consigo "enganá-los" haha, fico muito feliz. Porém, uma leitora em especial foi engraçada, porque ela ria bastante e falava o tempo todo, "coitado do Pedro" (protagonista de 'Sinfonia de Morte'), repetindo a todo momento enquanto avançava na leitura, haha.

Minha rotina é feita durante toda a semana. Escrevo duas horas por dia, com um mínimo de 1000 palavras. Antes de começar, escuto meia hora de músicas que me inspiram e depois, coloco uma trilha de suspense para continuar. Hoje, consigo fazer isso automaticamente e geralmente ultrapasso as 1000 palavras por dia. Uma dica que deixo para os futuros escritores é: crie uma rotina, mesmo que seja de 100 palavras por dia. Com o tempo, aumente essa meta até que se torne uma ação corriqueira. No fim, você verá que nenhum bloqueio criativo te afetará.

Eu espero que meus livros tragam uma sensação de pertencimento, que as pessoas se enxerguem, pois meus temas, apesar de escrever suspense sobrenatural e fantasia, estão intimamente ligados à realidade do brasileiro. Quero que as pessoas enxerguem o povo não como uma massa uniforme criada em discursos de elite. Gosto de mergulhar na complexidade existente nas periferias e nos bairros de classe média. Mostrar que nem tudo é fácil de compreender. Existe uma mensagem impregnada de realidade pragmática no meu discurso, onde não tento fazer um julgamento simplista. Coloco o humano como protagonista de suas ações e o entendo como um adulto, cheio de preconceitos e conveniências, num mundo violento e opressivo.

Estou trabalhando na continuação de Serafim, meu livro sobre um homem transformado em uma entidade controversa. Fiquei satisfeito com a história do primeiro e ainda mais com o desenrolar desse segundo.

Quero me especializar mais nas etapas de publicação e divulgação, pois o escritor independente precisa enfrentar desafios diários para sobreviver na carreira.

Deixo uma mensagem de gratidão para todos que reservam um tempo de suas vidas para ler e divulgar os escritores nacionais. Vocês são pessoas iluminadas, que mantêm viva a chama da literatura aqui no país, pois é dela que surgem as grandes ideias que alimentam as principais mídias.