Contos Noturnos – Um passeio sombrio e encantador pelos becos da cidade!
Sabe quando a leitura te pega de jeito logo nas primeiras páginas? Foi exatamente isso que aconteceu comigo com “Contos Noturnos”, do Alvaro Rodrigues. Uma coletânea urbana, sombria e incrivelmente visual. A escrita do autor tem um jeito cinematográfico de nos colocar dentro de cada cena, como se a gente estivesse vendo tudo acontecer pela fresta de uma porta entreaberta.
Gostei tanto da leitura que resolvi voltar aqui para falar um pouquinho de cada conto. Porque cada um deles tem um sabor único, às vezes amargo, às vezes poético, mas sempre com aquele toque de desconforto que o bom terror psicológico sabe provocar.
Ondori: com uma atmosfera melancólica, esse conto traz a pequena Ana em um passeio à Liberdade com a família. Tudo parece mágico, até que o encantamento vira tragédia silenciosa. Um final que parte o coração, daqueles que a gente sente fisicamente.
Meia-Noite. Bandeira Três: um conto sobre culpa, vício e o que carregamos nas sombras. Um táxi, um motorista enigmático e uma corrida que pode custar mais do que dinheiro.
Etílica: a tentação em forma de conto. Um homem à beira do colapso, uma mulher misteriosa, e um desfecho que mistura delírio, crime e castigo. Forte, tenso e com uma virada que me fez reler o final só pra ter certeza.
O Roteiro Vermelho: um assalto que vira tragédia e, depois, obsessão. A ideia de um "livro dos mortos" é simplesmente genial, e o jeito como o autor conduz o desfecho é de arrepiar.
Reflexos: um espelho que não reflete a verdade, ou talvez reflita demais. Um conto intrigante sobre identidade, empatia e as consequências de “viver a vida de outro”. Inteligente e perturbador na medida certa.
Notívaga: Juliana testemunha algo que nunca deveria ter visto… e paga o preço. Esse conto é quase como uma crônica do medo. Sutil, crescente e com um final angustiante.
Bastet: gatos, simbolismo e um toque místico. Janaina é protegida por olhos felinos que veem além. Fofo e sombrio ao mesmo tempo, é daqueles contos que deixam a gente com um sorrisinho no canto da boca.
Jogue uma Moeda e Faça um Pedido: o desejo, o azar e o sobrenatural. Um adolescente pega a moeda errada no lago dos desejos e começa a ser assombrado. O final surpreende e emociona. Um conto sobre consequências e redenção.
Nino: um "garaduende" preso em uma garrafa, um casal e um caos doméstico de proporções sobrenaturais. O clima desse conto é quase de lenda urbana. A tensão cresce rápido e termina com um soco no estômago.
Réquiem: talvez o mais poético de todos. Uma amizade improvável entre uma menina e um florista solitário que cultiva um jardim em homenagem à esposa. Chorei no final. Um conto sobre amor, despedidas e beleza eterna.
Pequeno Caos Cotidiano: uma maldição nascida de um simples “que isso tudo vá pro inferno”. O cotidiano se transforma em caos, com toques de ironia e tragédia. Um conto afiado, daqueles que nos fazem pensar duas vezes antes de abrir a boca.
Canvas: a genialidade desse conto está na forma: ele começa no prólogo e só se completa no final. Uma criança, desenhos perturbadores e um mistério que se revela em fragmentos. Tenso, visual e muito bem amarrado.
Só Mais um Pouquinho: o terror mais visceral do livro. Um pai, uma pizzaria, um apetite que vai além do natural. Li de madrugada e fui dormir com a luz acesa. Simples assim. O tipo de conto que te devora, e não o contrário.
Se você gosta de terror psicológico, lendas urbanas e uma boa dose de suspense sombrio, essa coletânea vai te fisgar. “Contos Noturnos” é uma leitura para saborear devagar… ou devorar de uma vez, como eu fiz.
Já leu? Me conta qual foi seu conto favorito!
Beijos!
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