Pequeno Milagre parece sobreviver ilesa às enchentes que devastam o estado, mas logo fica claro que essa “proteção” tem um preço.

Foi uma surpresa enorme conhecer a escrita do Lucas Kaliko. A trama de Chiaroscuro me prendeu do início ao fim, não só pelo mistério, mas também pela ambientação. Poucos livros que já li se passam no Rio Grande do Sul, e foi especial reconhecer cenários daqui transformados em palco para uma narrativa tão sombria.

A escrita é ágil e envolvente, daquele tipo que te faz pensar “só mais um capítulo” até perceber que já devorou metade do livro. O autor constrói Pequeno Milagre como uma cidade sufocante, fechada em si mesma, onde a fé e o medo se confundem, e onde os moradores não recebem bem quem ousa questionar o que sustenta o lugar.

Tobias, o protagonista, chega lá atendendo ao chamado de um antigo amigo, e logo se vê preso num labirinto de segredos, silêncios e hostilidade. O que mais me prendeu foi essa sensação constante de que havia algo muito errado por trás da devoção dos habitantes. E tinha.

O desfecho me deixou dividida entre “não acredito que o autor fez isso” e “isso foi simplesmente genial”. A revelação sobre o que realmente protege Pequeno Milagre foi inesperada e, ao mesmo tempo, perfeita para a atmosfera construída.

O autor entrega uma narrativa que une horror, crítica e cultura local sem perder o ritmo, e eu já quero ler mais coisas dele.

Disponível na Amazon, Kindle Unlimited e site da editora Flyve.

Já leram algo do autor?

Beijos!