ENTREVISTA COM AUTORES #131 | Autor Elias Flamel
1 - Como você percebeu que queria ser escritor(a)?
Por muito tempo pensei que esta vontade só tinha surgido aos meus dezoito anos quando um amigo/mestre veio até mim e falou "Você tem jeito para a escrita, por que não escreve um livro?". Aceitei o desafio e aqui estou. Falar só deste momento é o mesmo que não contar a história por completo. Olho para o meu passado e percebo que desde pequeno tenho uma relação com a escrita. Há muito tempo atrás lembro que as professoras pediam um trabalho de texto. Eu adora entregar as folhas de almaço preenchidas (muitos nem devem saber que tipo de folha é esta). Desde a infância havia a satisfação no ato de escrever...contar histórias; ocorreu o convite do amigo; teve a sensação maravilhosa ao terminar a primeira história; não posso esquecer de mencionar que o primeiro livro lido pelo meu pai, mãe e avó ser o meu; nunca esquecerei do primeiro elogio recebido...cada um desses momentos contribuíram de alguma forma para a resposta. E quero que esses momentos nunca acabem. Até mesmo dando essa entrevista depois de muito tempo em contato com um ig-literário e site de sucesso me fazem pensar "É por momentos como este que me tornei um escritor".
2 - Tem algum personagem favorito? Em modo geral ou do seu(s) livro(s)? Se sim, por quê? O que ele significa para você?
Javert dos Miseráveis e o modo de vida obstinado dele me marcaram demais; Kelsier do primeiro volume de Mistborn e o jeitão despojado ao melhor estilo "Vamos ter que derrotar o deus do nosso mundo, mas vai dar tudo certo" me faz sorrir cada vez que lembro dele; Kvothe das Crônicas do Matador do Rei e a cena em que está tocando o alaúde embaixo de uma arvore para exaurir a tristeza me fizeram amá-lo demais; a liderança impecável de Arthur do Cornwell combinada com o fato de ser uma pessoa simples gerou muito apego durante a leitura e adoro como a Sophie liberta-se depois de ficar velha no Castelo Animado. Pequenos momentos com esses personagens transformaram eles nos meus favoritos.
Sobre os meus, destaco três:
Yosef porque foi maravilhoso ter os pensamentos dele tão vivos dentro de mim. Terminei os dois livros da saga do Ciclo e senti que tinha feito um amigo. Este velho protagonista me fez pensar em um método para criar personagem. É algo que os transforma em um personagem que não é uma cópia ou um pedaço da minha personalidade como também não tornam-se uma criação muito distante de mim. Paro para pensar e tudo começou com o Yosef. O profissionalismo, o amadurecer, o apostar no diferente, o amar a escrita e não só a ideia e o aprendizado.
Hitalo foi uma grata surpresa. Organização e planejamento fazem parte do escrever, porém, o ato de criar está sujeito ao surgir e o improvisar. O filho mais velho de Yosef simplesmente brotou na história e com ele veio um arco narrativo, outros personagens e quem sabe uma história própria. Essa surpresa me fez adorar este personagem e é um dos favoritos dos meus leitores (não pensei que algo espontâneo fosse dar tão certo).
Bors foi um desafio e só o público pode dizer se o venci o não. A mitologia nórdica é uma das mais utilizada na cultura pop. Sendo assim, é difícil pensar em algo original, mas tentei. Para saber se consegui vencer o desafio autoimposto, terá que ler os dois livros (risos).
3 - Como foi para você entrar no mundo literário?
Foi uma surpresa pouco agradável. Notei que era um mundo que luta sem descanso para sobreviver, é pequeno onde muitos se conhecem e poucos dizem de peito aberto que venceram e com uma vontade enorme e oculta de se expandir. Só depois de muitos anos conseguir encontrar uns amigos para desbravá-lo sem se manter em um eterno cansaço. Fato este que me deixa muito otimista.
4 - Você faz muitas pesquisas antes de escrever uma história?
Faço pesquisas, mas não tento ser um especialista no período histórico ou um elemento que estou usando como base para a narrativa. Concentro boa parte da minha energia em referências. Gosto de ler autores que escrevem o mesmo gênero que o meu (fantasia) e que tentam algo novo neste vasto universo literário. Além disso, sempre estou antenado em várias coisas e o conhecimento que fica será usado em algum texto.
5 - Existem muitas cobranças por parte de seus leitores?
A relação com eles é meio diferente porque a maioria receberam as minhas obras gratuitamente. Existe a cobrança, mas é feita de maneira amistosa. É algo tipo "Adorei os seus livros e quero o próximo. Você vai longe e quero acompanhá-lo". Não é uma relação comercial que vejo muito resumida da seguinte forma "Quero o seu próximo produto e ele tem que ser melhor que o anterior". Adoro essa cobrar com carinho e, sendo bem sincero, se não fosse por ele, não sei se continuaria.
6 - Fale um pouco sobre sua forma de criação... Possui alguma mania na hora de escrever?
Cada vez mais penso e imagino personagens e universos antes de começar a escrever. O protagonista então, tenho várias ideias antes de começar a primeira linha. Tendo este universo bem criado e o protagonista para andar por ele, basta sentar e dar vida as palavras seguindo os sentimentos e o olhar do personagem principal.
Tenho uma mania que não largo de jeito nenhum. Antes de escrever qualquer texto ficcional preciso meditar por dez minutos. Procuro uma ambientação no Youtube. Por exemplo: se vou escrever uma cena no deserto, escrevo Desert Ambient no Youtube, medito com a música de ambientação de fundo e vou para a escrita. Quando faço isso tem dado certo. Morro de vontade de desenvolver outras manias (risos).
7 - Quais são seus projetos para um futuro próximo?
Como falei anteriormente, estou caminhando com alguns amigos escritores e juntos vamos lançar uma revista de contos. Estou muito feliz em participar desta iniciativa e tenho fé que vai render bons frutos. Nesse ano também vou iniciar a escrita do meu terceiro livro da saga do Ciclo. Muita coisa aconteceu, houve altos e baixos e agora preciso entregar um novo passo na minha caminhada como escritor.
Gostaria de deixar algum recado para os leitores do Lost Words, e para seus futuros leitores?
Aproveitem ao máximo este espaço. Encontrar um lugar confortável para ver análises de obras artísticas e conversar é um presente da vida moderna. Aproveitem, aproveitem e aproveitem!
Para os meus leitores eu digo muitíssimo obrigado por cada frase lida e peço desculpas pela demora em entregar o terceiro livro.
Sobre suas obras:
Sinopse: Yosef de Keltoi. Ganhou na infância, por uma das mães, um tesouro de muitas páginas. Cresceu com pouco, encontrou o amor e ao lado da mulher amada teve que instigar uma revolução entre trabalhadores do campo. Mas a vitória não foi perfeita porque falhou contra os deuses que tanto venera. Desta maneira o líder de uma vila pequena, quase oculta entre os quatro cantos do mundo, vive o começo da velhice. É servo de um império que pintou de rubro nações que ousaram ser grandes. Sempre preocupado com o povo e com a família. Qual vem primeiro? É uma pergunta que necessita de tempo e páginas para ser respondida. Hitalo, o mais velho dos filhos, exige mais firmeza com os homens do campo. No auge da juventude, o divertido e criativo Yohan deseja provar para o pai que é um homem feito. Morgiana, companheira de luta, enxerga muito além do que os olhos podem ver e deseja alertar o amado Yosef a respeito de algo impossível de fugir.
Yosef parte para Numitor, a viagem tem como destino a capital de todo o império, lar dos homens de togas brancas que praticam um culto conhecido pelas eras e com legiões à disposição. Era para ser somente mais uma viagem dos tributos, entretanto, o homem comum ouve boatos que colocam em risco o lar, a cultura e as suas crenças. Uma ajuda é mais que necessária, mas aqueles que são os mais poderosos e dotados de uma sabedoria milenar começam a pedir socorro. Só Yosef, o líder, pode salvar o que tanto ama.
Ao tentar, é exposto o passado manchado, reencontra velhas amizades e conhece desejos guardados dentro do peito de um dos filhos. A vontade de ter o que tanto deseja fará Yosef embrenhar-se pelas ruas do império. Será preciso conviver com ladrões, fardados de rubro, uma sociedade obcecada pela prata e o ouro e terá de lutar até mesmo contra a fúria da natureza. - Compre aqui!
Sinopse: Continuação de "Os Cinco do Ciclo."
Nascido da honra, cultivado nos fortes e endurecido conforme o avançar da velhice. Yosef abandonará aquilo que faz os mais covardes oferecerem o pescoço sem ao menos piscar?
O seu povo quer armas enquanto ele continua em busca do filho. Parte, é preciso partir mais uma vez. Aqueles que o acompanham não conseguem tirar dos corações a sensação de aventura. Porém, o servo dos Cinco do Ciclo que perdeu tudo, ainda possui sabedoria e tem o conhecimento dos perigos ao se cometer um crime contra o império de Numitor.
Aventura, crime ou necessidade? Em meio a essas perguntas o líder de Keltoi deposita as esperanças de todos na melhor cerveja dos quatro cantos do mundo. Como essa bebida tão popular ajudará a reerguer a vila incendiada pelas chamas do fanatismo?
Yosef não será o mesmo depois da empreitada e lhe será apresentado um novo mundo.
Uma nova nação pode ser um novo mundo.
Uma nova estrada pode ser um novo mundo.
Uma nova casa pode ser um novo mundo.
Mundos sempre são criados a partir da esperança.
Entretanto, o novo mundo a ser desbravado por Yosef foi criado a partir do medo.
Ele conseguirá salvar a si e aqueles que o cercam? - Compre aqui!
Sobre o autor:
Sou um no meio de tantos. Nascido em São Paulo capital, 33 anos, formado em designer, pós-graduado em escrita criativa e análise literária. Publiquei o meu primeiro livro Kriguerkan como Wesley Nunes, por uma pequena editora chamada Biblioteca 24 horas. Não sou um pokemon, mas evolução na escrita e no contar histórias me fez adotar um novo nome, um pseudônimo, melhor dizendo.
Mesmo mais maduro e tentando sempre ter mais intimidade com a escrita não abandonei as paixões e as fantasias da infância, elas que moldaram a minha personalidade.
Aficionado por mitologia, desde a grega até a africana. Vejo genialidade em Hamlet e no Batman. Por tanto tempo esperei, e confesso somente para os íntimos que ainda espero a carta de Hogwarts (no mundo bruxo existe tanto coruja destrambelhada). É difícil, quase impossível não se inspirar com O Senhor dos Anéis, porém não quero imitar esta obra e sim aprender com quem a escreveu. Se estou com dinheiro, compro tudo que tenha em alguma parte o nome Alan Moore. Já vivi Cem anos de Solidão e ela pouco melhorou quando conheci o Admirável Mundo Novo. Enquanto aguardava o novo livro de George R.R. Martin conheci Patrick Rothfuss e a ansiedade logo duplicou. Desculpe pelo excesso de palavras, antes de ser autor, sou um leitor e são raras as vezes que consigo parar de falar sobre livros.
Caso você tenha chegado até esta linha, muito prazer! Sou Elias Flamel e a probabilidade de tornarmos amigos é muito grande, pois você já me conhece muito bem.
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