ENTREVISTA COM AUTORES #271 | Autor Fabrício Rayner
1 - Qual foi sua inspiração para começar a escrever?
Bem, a minha inspiração pra começar a escrever foi simplesmente permitir que os personagens que iam surgindo na minha mente tivessem um pouco de vida. É uma forma de respeitar a minha mente e a minha criatividade. Eu não escrevi por dinheiro — escrevi pra deixar uma história. Sei que quando você coloca algo no papel e isso vai pra internet, de alguma maneira, em alguma fração do universo, aquilo se torna eterno.
2 - Quais autores ou obras influenciaram seu estilo de escrita?
Sempre gostei de Fyodor Dostoiévski e de Carolina Maria de Jesus, com Quarto de Despejo. Esses dois nomes me marcaram muito. Victor Hugo também me inspira — ele fala do sofrimento humano de uma forma que toca profundamente, e essa dor está presente nas minhas obras também.
3 - Como você lida com o bloqueio criativo?
Simples: eu não escrevo. O bom de não depender da escrita para sobreviver é isso. Se um personagem não está se desenvolvendo, eu o deixo quietinho. Nenhum personagem meu é artificial. Permitir que ele fique em silêncio é respeitá-lo. Quando ele quiser voltar, ele volta. Forçar seria como violentá-lo. É um absurdo.
4 - Quais desafios você enfrentou durante sua jornada como escritor?
Os principais desafios foram ter tempo e espaço para colocar as ideias no papel, encontrar uma editora que aceitasse meu trabalho e conseguir divulgar a obra. Também tive que lidar com leitores que esperam que o livro seja um "manual de conduta", quando não é. Nem a Bíblia é feita só de histórias bonitas. Literatura é para contar histórias — não para fazer juízo moral.
5 - Você já teve experiências significativas com seus leitores? Alguma história que gostaria de compartilhar?
Sim, tive experiências emocionantes ao longo desses cinco anos. Achei muito bonito quando compararam meu romance a um dorama e disseram que a personagem Bernarda era como uma nova Cinderela. Ver alguém que leu o livro inteiro, que comentou partes específicas comigo, foi inspirador. Fiquei muito feliz. Teve gente que riu com os prefácios... isso me alegrou demais.
6 - Como é o seu processo de escrita? Você segue uma rotina específica?
Meu processo de escrita é não pressionar o artista. Não sigo rotina nenhuma. Escrever é meu hobby, não minha obrigação. Respeito minha realidade e minha sobrevivência. Escrevo quando quero conversar com minha própria sombra refletida na parede, quando não consigo fazer mais nada.
7 - Qual é o impacto que você espera que suas obras tenham nos leitores?
Nenhum. Eu não espero que nada do que eu escrevo tenha impacto. Se tiver, ótimo. Mas não crio expectativas. A obra saiu de mim e foi pro leitor. A interpretação é dele. Ele que deve sentir — ou não. Eu não corrijo interpretação. Não me cabe avaliar o que aquilo causou nele.
8 - Quais são seus planos para o futuro? Você está trabalhando em algum novo projeto?
Sim, estou trabalhando na continuação de Além Deste Mundo Azul, que será uma trilogia. O subtítulo agora é Nada de Nós Sem Nós. Meus planos são continuar escrevendo, talvez publicar outro livro gratuito, criar laços com leitores que gostem do que escrevo. E pra quem quiser conhecer meu trabalho: Além Deste Mundo Azul está disponível na Amazon, com leitura gratuita até o capítulo 3. É só começar. E se quiser conversar comigo, estou à disposição. Fica com Deus, um forte abraço!
Sobre sua(s) obra(s):
Sinopse: Em meio às ruas de Ribeirão das Neves e Belo Horizonte, Além Deste Mundo Azul desenrola uma narrativa profunda sobre autoconhecimento, vínculos familiares e os segredos que moldam nossas vidas.
Henrique, um jovem autista de 23 anos, é rigoroso e metódico, conduzindo sua vida e sua corretora de imóveis com disciplina inflexível. Enquanto enfrenta os desafios de gerir negócios e relacionamentos em um mundo que nem sempre compreende suas particularidades, Henrique encontra na lógica e na ordem as bases de sua existência.
Paralelamente, Bernarda, uma adolescente de 16 anos, vive sob a tutela de seus tios em um ambiente controlado e repleto de mistérios. Criativa e inquieta, ela luta para compreender sua identidade enquanto enfrenta a pressão de um diagnóstico de autismo que não se encaixa em como ela se percebe.
Enquanto os caminhos de Henrique e Bernarda se cruzam, a história explora temas como o impacto das expectativas sociais, a complexidade das relações humanas e a força das escolhas individuais. Em um cenário marcado por desafios internos e externos, Além Deste Mundo Azul é uma jornada emocional e reflexiva, repleta de descobertas, superação e a busca por um lugar de pertencimento.
Com uma narrativa sensível e envolvente, o romance mergulha nos dilemas da neurodivergência, revelando as nuances de viver em um mundo que oscila entre a empatia e a indiferença. - Compre aqui!
Sobre o(a) autor(a):
Fabrício Rayner Miranda de Andrade é advogado, graduado em Processo Civil e Direito Imobiliário. Autista diagnosticado na vida adulta, é casado com Laura Karolina, também autista e biomédica. Juntos, compartilham a vida com dois gatos: Mozart Henrique e Aurora Katarina.
Escreve desde 2014, mas publicou sua primeira obra apenas recentemente: Além Deste Mundo Azul, romance que marca sua estreia oficial na literatura. Antes disso, sua escrita era um refúgio íntimo, nunca exposto ao público. Fabrício acredita na força das palavras como extensão do pensamento e do silêncio — e espera encontrar, na literatura, novas oportunidades de diálogo com o mundo.
Beijos!
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