Edson F. SilvaEntrevistaEntrevista com autoresLiteratura NacionalPaixão de Ocasião ou História de Amor
ENTREVISTA COM AUTORES #138 | Autor Edson F. Silva
1 - Como surgiu a inspiração para escrever "Paixão de Ocasião ou História de Amor"? Há alguma experiência pessoal ou fonte de inspiração por trás da trama?
Além de escritor, sou Físico (Cosmólogo) e professor. Comecei a escrever quando estava na graduação. Na época, logo no início da minha vida de escritor, escrevi uma história de ficção científica e alguns contos com histórias do cotidiano e, enquanto escrevia um desses contos, tive a ideia do reencontro de um casal que tivesse tido um flerte uns anos antes e, nesse reencontro, ele iria convidá-la para ser modelo para uma personagem de videogame. A ideia ficou em minha mente e parecia bem legal, mas acabei não escrevendo nada naquela época pois não tinha encontrado uma boa ideia para o encontro inicial do casal. Cerca de três anos depois, quando já no mestrado, em um dos encontros da Sociedade Astronômica Brasileira que participei, rolou um leve flerte entre mim e outra participante (nada sério e bem menos intenso que o encontro/flerte do livro) e, quando no aeroporto aguardando o voo de volta, tive um estalo e lembrei daquela ideia para o conto de reencontro e percebi que o primeiro encontro deveria ter ocorrido em um workshop. Ainda no aeroporto rascunhei a descrição de todas as cenas e as linhas gerais de vários diálogos. Na semana seguinte, ao transformar o rascunho em uma história percebi que não tinha um conto, mas sim um pequeno romance romântico que adorei escrever. Ou seja, a primeira parte da história tem uma (bem leve) inspiração em uma situação real, mas a segunda parte é totalmente fantasiosa ou é como se fosse a realidade em algum universo paralelo ao nosso.
Uma curiosidade: esse não foi o primeiro livro literário que escrevi, mas foi o primeiro que publiquei. Eu realmente adorei escrevê-lo e espero que as pessoas gostem de lê-lo.
2 - A complexidade das relações amorosas é um tema central em seu livro. Como você abordou a tarefa de retratar os dilemas emocionais dos personagens, tornando-os tão envolventes para os leitores?
Na maior parte do livro, temos diálogos nos quais são os protagonistas que falam sobre o que aconteceu e sobre como se sentiram para seus confidentes que são pessoas nas quais eles realmente confiam. Isso torna a narrativa intimista e, ao mesmo tempo, dinâmica, fazendo com que o leitor ou leitora se coloque de verdade na pele de cada um dos protagonistas e perceba que aquela história poderia ser a sua história ou a história de algum amigo ou amiga. E, acredito que, se a pessoa percebe que aquela é uma história tão próxima, não há como não se envolver. Desta forma, por mais que os relacionamentos amorosos sejam complexos e diversos, o leitor consegue ver os pontos em comum entre as relações que viveu ou está vivendo e a relação dos protagonistas, envolve-se intimamente com a história e torce pelo final que acredita ser o melhor para a história e para os personagens.
3 - A química instantânea entre Henrique e Renata é um aspecto crucial da história. Como você desenvolveu esses personagens para que suas diferenças de intensidade emocional fossem tão convincentes?
Em diversos momentos de nossas vidas conhecemos pessoas com as quais parecemos nos identificar bastante. Muitas vezes são colegas de trabalho com os quais temos um entrosamento fora do comum, outras vezes são amigos ou amigas com os quais, desde a primeira vez que conversamos, percebemos grandes afinidades e construímos amizades que duram uma vida toda, mesmo algumas à distância. Outras vezes, como aconteceu no livro, essa química instantânea pode pender para o lado da paixão ou do amor romântico. Só que, em um relacionamento amoroso, a intensidade dos sentimentos em cada envolvido começa e evolui de forma diferente e mesmo quando se tem uma real e imediata afinidade entre duas pessoas em uma relação amorosa, os dois envolvidos não se apaixonam e nem percebem que estão apaixonados no mesmo instante. Tendo isso em mente, fiz com que Henrique percebesse antes o sentimento e que Renata, estando em um momento bem diferente de sua vida em relação à vida de Henrique, só tomasse ciência plena do que estava sentindo bem depois e, para isso, deixei os próprios personagens falarem e analisarem o que viveram e sentiram desde que se conheceram, para que eles percebessem, junto com o leitor, o que realmente estavam sentindo e o que deveriam fazer.
4 - "Paixão de Ocasião ou História de Amor" parece abordar a questão de escolher entre uma paixão fugaz e um relacionamento mais profundo. Como você escolheu explorar essa complexidade nas relações amorosas e o que espera que os leitores tirem dessa discussão?
Cada um, durante sua vida, irá se apaixonar várias vezes, viver algumas dessas paixões de forma real e outras de forma platônica. Ao viver uma paixão, ela pode se tornar um grande amor e nos proporcionar um belo e durável relacionamento ou pode esvair-se como o orvalho sobre as folhas numa manhã de sol. Só que, mesmo as paixões efêmeras, podem nos ser grandes fontes de momentos doces e felizes. Então, entre uma paixão de ocasião e uma história de amor não há escolha certa e nem escolha errada, há apenas a escolha mais adequada para a sua vida naquele momento e como a escolha é para a sua vida, mesmo que outras pessoas venham a te aconselhar ou te mostrar os pontos positivos e negativos de cada escolha, só quem pode escolher é você, pois quem vai conviver com as consequências da escolha é você!
5 - Os personagens secundários também são destacados em sua história. Poderia nos falar um pouco sobre como você desenvolveu esses personagens e qual foi o papel deles na trama?
O livro tem um casal de protagonistas e, também, três personagens coadjuvantes ou personagens secundários essenciais para a trama: Lucas (irmão de Henrique); e Juliana e Marcela (amigas de Renata). Há outros personagens que aparecem na trama fazendo pequenas “pontas” na história. Os personagens coadjuvantes parecem começar apenas como confidentes dos protagonistas, mas suas atitudes e falas durante a história são imprescindíveis para que os protagonistas percebam o que estava bem à frente deles o tempo todo e para que possam amadurecer enquanto a história caminha. A minha ideia, quanto a esses personagens, desde o início, foi que eles deveriam conhecer bem e se importar muito com os protagonistas e que, em alguns momentos, fossem a voz dos próprios leitores falando com os protagonistas sobre coisas que estes últimos se negavam a perceber. Como bons coadjuvantes, eles ajudam os protagonistas a crescerem e, tenho certeza, também são protagonistas de suas próprias histórias, sendo que essas não foram contados nesse livro.
Uma curiosidade: Henrique e seu irmão Lucas, originalmente teriam nomes diferentes, mas quando eu fui lançar o livro já tinha os meus dois filhos que são Caio Henrique e Rafael Lucas, então troquei os nomes desses personagens e os rebatizei em homenagem a meus dois filhos.
6 - Fale um pouco sobre sua forma de criação... Possui alguma mania na hora de escrever?
Acredito não ter uma forma padronizada para escrever ou criar histórias. Sou e sempre fui muito observador e bastante imaginativo, assim quando vivo ou observo alguma situação sempre imagino muitas possibilidades para os desfechos ou continuações dessas situações e, outras vezes, imagino um desfecho e sinto a necessidade de criar a situação que permitiu aquele final e, o mais legal, é que algumas dessas possibilidades acabam sendo visualizadas em futuros distantes ou planetas longínquos e outras acontecem na rua ao lado. Sempre que tenho uma ideia que pareça interessante tento anotá-la para desenvolver depois e mesmo que a maioria delas acabe sedo descartada, algumas acabam sendo retomadas e viram histórias interessantes. Em relação à manias, acredito ter apenas uma: sempre faço um rascunho à mão no papel antes de começar a digitar qualquer coisa e, em algumas situações, já cheguei a escrever vários capítulos à mão antes de digitar a primeira frase.
7 - Quais são seus projetos para um futuro próximo?
Adoro escrever, já tendo escrito diversos livros literários, didáticos e de divulgação científica, mesmo não tendo publicado todos. Alguns desses livros preciso revisar ou submeter à revisão para poder publicar. No momento estou finalizando dois livros didáticos e um de divulgação científica que devem ser meus próximos lançamentos. Ao mesmo tempo, estou revisando um pequeno livro de autoconhecimento que pretendo lançar nos próximos meses. Só voltarei a trabalhar nos romances (românticos e de ficção-científica) no próximo ano, que nem está tão longe. A verdade é que gosto muito de escrever e quando minhas responsabilidades (profissão oficial e família) permitem que eu tenha um tempinho, eu escrevo. E sempre que acredito que algo que escrevi está pronto para ser lido por outras pessoas, eu publico. Demorei para publicar meus primeiros livros literários, mas espero demorar bem menos para publicar os próximos.
8 - Gostaria de deixar algum recado para os leitores do Lost Words, e para seus futuros leitores?
Eu gostaria de, em primeiro lugar, agradecer a todos que leram até aqui!
Em segundo lugar, eu gostaria de lembrar a todos que as ideias preconcebidas e os preconceitos precisam ser abandonados e excluídos do mundo. Não tenham preconceitos em relação às pessoas, nem em relação aos lugares e nem em relação às histórias e livros. Mesmo um fã de histórias de terror ou de romances policiais, por exemplo, pode se divertir lendo uma comédia ou se emocionar com uma história de amor. Por exemplo, sou um profissional das ciências exatas e que gosta de escrever, entre outras coisas, histórias românticas. Será que tem coisa mais aparentemente contraditória do que a razão dá vazão à emoção? Então, eu pergunto aos leitores do Lost Words: como você pode ter certeza que não vai gostar de ler uma história e que ela não vai te prender e te deixar fissurado do início ao fim sem que você, pelo menos, tenha começado a lê-la? Dê uma chance aos autores brasileiros e a gêneros e estilos diferentes de histórias e, tenho certeza, vocês vão descobrir muitos livros nacionais ótimos e se encantar com histórias que, mesmo diferentes das habitualmente lidas, também podem ser maravilhosas.
Sobre sua obra:
Sinopse: Um romance jovem, leve e cativante! Uma história moderna e atemporal! Uma narrativa dinâmica que te prende a cada página! Henrique e Renata, são dois jovens que se conheceram enquanto participavam de um workshop. O flerte entre eles foi recíproco, mas com intensidades diferentes: para ele uma paixão fulminante; para ela uma tentação a resistir e a ser esquecida. Assim, eles acabam se afastando. Ao se reencontrarem, anos mais tarde, ele a contrata para fazer a captura de movimento para a construção de um personagem de um jogo de videogame. O flerte entre eles é ainda mais intenso e a tentação muito maior. Então, como descobrir a força do que sentem? O que seria melhor: deixar a atração mútua no passado; viver uma paixão de ocasião; ou deixar-se levar para uma história de amor?
Sobre o autor:
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Beijos!
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