ENTREVISTA COM AUTORES #251 | Autora Adriane Goldoni
1 - Qual foi sua inspiração para começar a escrever?
Acho que sempre escrevi e escrevo dentro de temas que me incomodam. Acho que as ideias vão surgindo conforme o cérebro tenta processar as coisas no “plano de fundo” e elas emergem como possíveis respostas, ou caminhos para respostas. Ou seja, a inspiração de tudo é a vida, mas o que acaba no papel geralmente tem relação com questões que preciso resolver internamente, mesmo que nos contos isso não fique aparente.
Pensando de outra forma, acho que a primeira vez em que pensei na escrita como algo que gostaria de fazer, foi quando li o conto “As Formigas”, de Lygia Fagundes Telles. Acho que eu ainda era pré-adolescente e já lia bastante, mas fiquei muito impactada com a forma como a Lygia juntava terror, tensão e mistério.
2 - Quais autores ou obras influenciaram seu estilo de escrita?
Lygia Fagundes Telles, Stephen King (“A Coisa”, “Sombras da Noite”, “Tudo é eventual”, “Com Sangue”, “Sobre a Escrita”), Margaret Atwood (“O Conto da Aia”, “Oryx e Crake”), Neil Gaiman (“O Oceano no Fim do Caminho”, “Lugar Nenhum”, “Os Filhos de Anansi”), Chuck Palahniuk (“Clube da Luta”, “Sobrevivente”), Ray Bradbury (“As Crônicas Marcianas”, “Fahrenheit 451”), Aldous Huxley (“Admirável Mundo Novo”), George Orwell (“1984”), acho que foram os mais formativos de gosto e estilo. Tem distopia? Tem terror? Tem fantasia? Tem essas três coisas misturadas e eu li? Com certeza influenciou 😊
3 - Como você lida com o bloqueio criativo?
Lido mal 😊 Procrastino fazendo milhares de outras coisas e tento reabastecer a roda da inspiração com o trabalho de outros escritores e outras formas de arte. Passear com os cachorros também ajuda.
4 - Quais desafios você enfrentou durante sua jornada como escritor(a)?
O primeiro desafio foi criar coragem de voltar a escrever, depois de um longo período de bloqueio. O segundo, foi criar coragem de mostrar o que escrevo. E agora, depois das publicações, meu inferno pessoal é gerenciar o tempo para conseguir continuar escrevendo.
5 - Você já teve experiências significativas com seus leitores? Alguma história que gostaria de compartilhar?
Sim!!! Adoro me surpreender com as reações e interpretações de leitores. Muitas fazem as histórias crescerem até para mim! Uma experiência significativa foi receber um conto de uma leitora, que também escreve, mas ainda não publicou. E o conto era incrível! Esse tipo de troca é uma honra!
6 - Como é o seu processo de escrita? Você segue uma rotina específica?
Geralmente escrevo à noite, quando a casa e a vizinhança permitem algum silêncio. Começo sem muito planejamento, apenas tentando levar a ideia inicial o mais longe possível. Raramente sei como a história vai acabar, mas quando “descubro o final”, estabeleço os passos necessários para chegar até ele e vou vendo se os personagens concordam comigo 😊
7 - Qual é o impacto que você espera que suas obras tenham nos leitores?
Não sei se tenho conseguido, mas gostaria de criar aqueles momentos de estupefação, do tipo: “não tinha pensado nisso desse jeito”.
8 - Quais são seus planos para o futuro? Você está trabalhando em algum novo projeto?
Estou trabalhando em um novo livro de contos. Dois estão prontos, dois em preparação e um, só no mundo das ideias por enquanto.
Gostaria de deixar algum recado para os leitores do Lost Words, e para seus futuros leitores?
Leiam livros de autores/as brasileiros/as! Leiam livros de gêneros variados! Leiam mais o mundo real e leiam menos conteúdos de redes sociais (que são importantes para muitas coisas, mas também sugam uma parte importante de nossas vidas, como nenhuma ferramenta na história já fez). Sejam honestos em tudo o que fizerem e confiem no próprio senso de humor, por mais esquisito que ele seja. E não tenham medo.
Sobre sua(s) obra(s):
Sinopse: O livro traz os seguintes cinco contos: ‘Insônia’; ‘Bot-Lov’; ‘Áscaris’; ‘Jesus no Manicômio’ e ‘Passos no Escuro’.
Uma sociedade que não dorme. Que não sabe lidar com seus traumas. Que normaliza os acontecimentos mais inacreditáveis e absurdos. Que apenas aguarda um final que ora se aproxima, ora se distancia. Esse é o pano de fundo em que se desdobram, em diferentes tempos, os contos de Normal. A cura para nossas inseguranças, paralisias e paranoias poderia estar encoberta sob essa mesma sociedade? Através de suas rachaduras, às vezes podemos encontrar uma réstia de esperança. Mas nem sempre. - Compre aqui!
Sobre o(a) autor(a):
Escritora de terror, ficção científica, realismo fantástico e outras maluquices. Minhas formações em sociologia e neurociências & comportamento, com frequência, penetram nos contos. Nasci em Muçum/RS e atualmente vivo em Blumenau/SC, com o marido e nossa matilha de onze vira-latas lindos.
Instagram: @adrianegoldoni
Beijos!
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