ENTREVISTA COM AUTORES #184 | Autor Juliano Reinert

by - segunda-feira, maio 20, 2024


1 - Qual foi sua inspiração para começar a escrever?
Eu sempre gostei de histórias. E não comecei com livros. Eu era muito noveleiro quando criança e, mais tarde, fiquei apaixonado pelo cinema. Só que como eu era uma criança muito solitária, eu brincava que tinha uma emissora de TV e gostava de criar as novelas e filmes que passavam nessa emissora. Ao registrá-las em cadernos, eles foram se tornando narrativas literárias que geravam interesse dos colegas de classe e professores. No fim das contas, deixei de fazer desses cadernos apenas o registro de uma brincadeira. Com um tempo, eles passaram a ser livros, de fato. 

2 - Quais autores ou obras influenciaram seu estilo de escrita?
Eu comecei a escrever muito influenciado pelos livros da coleção Vaga-Lume. Mas o meu texto era muito ruim, inclusive porque a escrita dessa coleção é bem juvenil, o que não me provocava para melhorar. Depois, comecei a ler Julio Verne, que me despertou o interesse por histórias de aventura. Mas a grande virada na minha vida foi Tolkien. Depois de conhecê-lo, me apaixonei realmente por literatura e profissionalizei a minha escrita.

3 - Como você lida com o bloqueio criativo?
Eu não recordo de ter tido algum bloqueio criativo grave. Como preciso dividir minha escrita com tantos outros afazeres da minha vida, às vezes passo semanas sem escrever. Quando retomo, estou cheio de empolgação e coisas para contar. Acho que estes períodos longe do texto me ajudam a refrescar a mente e impedir esse tipo de situação.

4 - Quais desafios você enfrentou durante sua jornada como escritor(a)?
Acho que o principal problema que eu enfrento é meu complexo de inferioridade. Isso faz com que eu tenha a impressão de que nada do que eu crio está bom o suficiente. Às vezes eu tenho vergonha de falar da minha história para um público mais crítico, por exemplo. Mas para além disso, acho que o grande desafio de um escritor independente é ser independente e ter que lidar sozinho com todas as etapas do trabalho: a escrita, o planejamento, os investimentos, a divulgação, a distribuição etc. Isso gera um trabalho ainda maior do que simplesmente escrever.

5 - Você já teve experiências significativas com seus leitores? Alguma história que gostaria de compartilhar?
Por incrível que pareça, minha história mais impressionante é com uma leitora que não gostou do meu livro. Foi o que mais me marcou. Ela ficou tão revoltada com o final do primeiro livro que disse que nunca mais queria voltar à minha história, não queria saber da continuação e me bloqueou das redes sociais. Saber que os meus personagens despertaram emoções tão intensas em alguém foi muito significativo para mim. Outro fato que me encheu de alegria foi um garoto que passou horas me esperando numa tarde de autógrafo na Feira do Livro da minha cidade, Joinville. Quando cheguei, ele estava até nervoso em falar comigo. Chegava a tremer! A mãe dele disse que ele relia os livros toda semana, estava até descolando. Me senti importante naquele dia.

6 - Como é o seu processo de escrita? Você segue uma rotina específica?
Sempre que começo um livro eu desenvolvo um esqueleto com acontecimentos-chave da história, quase que dividindo estes fatos em capítulos. Normalmente, essa divisão acaba permanecendo até o final. Nesta etapa eu já vou concebendo os personagens, a personalidade deles, as motivações de cada um. Com tudo isso, acabo descobrindo temas que eu preciso pesquisar para não falar besteira na hora de escrever. Então passo a uma fase de muita leitura e busca de referências para deixar a história mais robusta e crível possível, que segue sendo realizada ao longo de toda escrita; afinal, a todo momento surgem questões que eu preciso abordar de modo adequado. A escrita em si costuma fluir de maneira bem tranquila com todo esse preparo, mas infelizmente eu não consigo estabelecer uma rotina para isso. Acaba acontecendo quando eu tenho um tempo vago mesmo.

7 - Qual é o impacto que você espera que suas obras tenham nos leitores?
Eu espero sempre que meus leitores possam ter momentos de empolgação e escapismo com as minhas histórias. Claro que aqui e ali eu coloco questões que geram reflexões. As questões ambientais, por exemplo, são muito presentes em tudo o que escrevo, mas não gosto da ideia de ser panfletário demais, sabe? Assim, o que mais desejo é que a imersão com a leitura possa ser tão profunda que todos consigam se sentir dentro daquela aventura, vibrar com cada acontecimento, temer os perigos. Gostaria muito de provocar emoções profundas.

8 - Quais são seus planos para o futuro? Você está trabalhando em algum novo projeto?
Estou, sim. Meus planos envolvem continuar escrevendo sobre o universo que criei. Como sou um inegável admirador de Tolkien, que é quem me inspira muito, pretendo desenvolver meu mundo tal como Tolkien desenvolveu a Terra-média. Atualmente, a história que escrevo se passa séculos antes dos acontecimentos dos meus primeiros livros (que, na verdade, são uma única história dividida em duas partes).

Gostaria de deixar algum recado para os leitores do Lost Words, e para seus futuros leitores?
Com todo prazer e satisfação! Uma coisa que sempre me impacta muito é a resistência das pessoas com autores nacionais, não só de Fantasia. Queria muito que as pessoas começassem a olhar com mais carinho para o pessoal daqui que está produzindo literatura. Tem muita coisa boa a se descobrir! Às vezes nos causa estranhamento ler uns nomes estranhos, uns enredos que, à primeira lida, causam algum estranhamento. Mas será que paramos para pensar que nossa familiaridade com histórias malucas e nomes ainda mais malucos de narrativas internacionais são uma consequência de um marketing massivo e até desonesto se compararmos com o que é feito por quem produz no Brasil? Então estar com coração e mente abertos para os nossos autores é o que mais incentivo e desejo.

Sobre sua(s) obra(s):


Sinopse: Bruno perdeu os pais em seus primeiros anos de vida quando eles lutavam na Terceira Guerra Mundial, causada pela escassez de água no planeta. A única lembrança deles é um belíssimo colar com um diamante azul, que pode ser a chave para o garoto ter melhores condições de vida em uma realidade cheia de fome, sofrimento, sede e escassez.
Ao conhecer o estranho e enigmático Osnegrion, ele descobre que a joia é muito mais importante do que supunha e que ela tem a capacidade de ajudá-lo a resolver uma outra guerra, em um mundo paralelo parado no tempo e no espaço. Porém, ele não conseguirá fazer isso sem resolver segredos perigosos, despertar a ira de muitas pessoas, duelar com criaturas terríveis e desconhecidas e conviver com povos cruéis e cheios de ódio. - Compre aqui!


Sinopse: Os povos de Tedawer Lorcb se dividem ainda mais. Os uniéleos se lançam ao mar para a guerra definitiva contra seus inimigos drudéreos. Pelo mesmo motivo, Deitabo enfrenta uma penosa jornada por estradas difíceis com o objetivo de avançar em silêncio e dar um golpe fatal em seus rivais, conquistando o Reinado. Mesmo os reibareos decidem guerrear! Até então alheios aos conflitos, eles agora buscam vingança pela prisão e tortura dos seus conterrâneos.
Enquanto isso, Osnegrion segue sua missão desesperada de encontrar a Espada que tem o poder de resolver este conflito sangrento. Esta é a única esperança para acabar definitivamente com a guerra. Porém, Bruno, o portador do Diamante Azul — único poder capaz de oferecer segurança à jornada em busca da espada — está sumido após a fuga de Reibaros. 
Enquanto isso, um novo poder surge. Inesperado e destrutível, com feras no mar e dragões nos céus, ele pode fazer com que todas as guerras percam o sentido. Ou o povo de Tedawer Lorcb se une — com ou sem Rei e Espada — ou todos correm o risco de morrer. - Compre aqui!

Sobre o(a) autor(a):


Juliano Reinert vive em Joinville (SC), onde nasceu. É jornalista, professor de Língua Portuguesa e um apaixonado por histórias. Desde a infância escrevia contos, crônicas e poesias, mas seu primeiro romance e primeiro livro publicado foram os dois volumes de Em Busca do Reinado, que, por conta das obrigações acadêmicas e profissionais, acabaram lhe ocupando 15 anos de trabalho e só foi possível acontecer graças a duas exitosas campanhas de financiamento coletivo.

Beijos!

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