ENTREVISTA COM AUTORES #273 | Autor Arturo Catunda

by - sexta-feira, maio 30, 2025


1 - Qual foi sua inspiração para começar a escrever?
Apesar de ter lido muito jornal impresso, considero-me da geração da Internet. Lembro-me da primeira vez que fiz uma pesquisa por lá. Era diferente da Internet de hoje, claro. Era mais limitada, mas proporcionou algo importante para minha jornada como escritor: a febre dos blogs. Nesse sentido, minha primeira inspiração para escrever veio de um admirável colega de trabalho. Ele decidiu criar um blog sobre as reflexões que ele fazia da realidade e do mundo, isso lá pelos anos 2000. Como eu também possuía algumas ideias inquietas, imitei ele e criei meu blog. Cheguei a ter mais de 100 post. Foi um ótimo exercício.

2 - Quais autores ou obras influenciaram seu estilo de escrita?
Por ter vivido na Bahia por 20 anos, tive forte influência de João Ubaldo Ribeiro. Gostava de ler suas tiras no jornal A Tarde, de Salvador. Entretanto, eu adoro mesmo é o estilo de Jô Soares e bolava de rir com as comédias de Luis Fernando Veríssimo. Em resumo, acho que trago um pouco dos três em meu estilo, apesar de hoje ter um pouco de cada escritor e escritora que leio. Por exemplo, recentemente li as Mulheres de Tijucopapo, de Marilene Felinto. Um livro que considero forte (até mesmo ácido), de um estilo incomum e que não é para qualquer leitor. Certamente levarei algo do estilo dela para meus próximos livros.

3 - Como você lida com o bloqueio criativo?
O tempo resolve isso para mim. Quando a mente cansa e vem o bloqueio, só o tempo dá jeito. Eu também sou adepto da cura. Cura é deixar o texto lá parado, aguardando ficar maduro. Texto fresco, recém-saído da mente, não tem gosto (risos). No intervalo da cura, ideias vão surgindo. Elas são como temperos que eu vou inserindo no texto original para que ele fique mais gostoso de ser lido.

4 - Quais desafios você enfrentou durante sua jornada como escritor(a)?
Eu me classifico como um daqueles escritores que adora escrever. Eu me divirto bastante criando cenários, tramas, personagens, sabe? Entendo que meu lado criativo é muito bem desenvolvido. Porém, quando o livro fica pronto, aí que começa o desafio de verdade. Publicar e lançar um livro é o meu maior desafio. A cada novo lançamento, venho aperfeiçoando essa etapa para que esse desafio não se torne uma barreira a minha criatividade.

5 - Você já teve experiências significativas com seus leitores? Alguma história que gostaria de compartilhar?
Sim. Eu publiquei um livro em Natal (onde eu resido) sobre minha experiência na Bahia. O nome dele é Angélica Negra. Eu distribuí esse livro gratuitamente em algumas bibliotecas públicas e escolas. Um belo dia, um clube de leitura da cidade de Campina Grande, de onde eu sou, entrou em contato comigo querendo realizar um evento com as leitoras de lá. Eu fiquei muito surpreso e honrado. Elas haviam lido o livro, e por descobrirem que eu também era de Campina Grande contataram-me para falar sobre ele. Foi uma experiência muito gratificante para todos, pois elas puderam saber a história por trás da história.

6 - Como é o seu processo de escrita? Você segue uma rotina específica?
Sim, sigo. Quando surge uma ideia ou inspiração, eu tento anotar cada detalhe. Depois, eu amadureço a ideia traçando o enredo do início ao fim em grandes marcos de acontecimentos. Sigo para pensar nos personagens e suas características. Com tudo isso mapeado, ou seja, com o esqueleto da obra pronto, começo a pesquisar o assunto e a escrever. A primeira escrita é livre de qualquer censura. Coloco tudo no papel (computador) até terminar o que eu chamo de primeira escrita. Nesse momento deixo a obra curar. É o período que eu tenho para ir pesquisando mais a fundo e pensando na história, e em como a enriquecer. Gradativamente vou relendo o texto e inserindo novos elementos, dando mais tempero, sabe? Quando eu entendo que já está suficiente, submeto a uma leitura crítica e a uma revisão de língua portuguesa.

7 - Qual é o impacto que você espera que suas obras tenham nos leitores?
Diferentemente da televisão e do cinema, a leitura tem o potencial de despertar e agitar a imaginação do leitor. Mesmo muito bem enriquecido de detalhes, um livro nunca conseguirá produzir todos os elementos imaginativos necessários para compreender a obra. Ao ler, o leitor tem de produzir ou recuperar de sua memória esses elementos, para dar sentido ao livro. Então, a interpretação da história escrita no livro é ao mesmo tempo responsabilidade do escritor e do leitor. Assim, o leitor é também coautor da história que ele leu, pois só ele a compreenderá daquela forma. Dito isso, o impacto que espero nos leitores é justamente esse: que eles levem para a interpretação a sua visão de mundo e saiam da leitura tocados de alguma forma, emocionados e enriquecidos de conhecimentos novos.

8 - Quais são seus planos para o futuro? Você está trabalhando em algum novo projeto?
Tenho finalizado um livro intitulado “Com traças não se brinca”, que estou trabalhando para a sua publicação. A história traz a trama por trás da aprovação de uma jovem em um concurso público para o cargo de professora universitária. É um livro que envolve as inseguranças e ameaças do início de carreira, assim como questões de relacionamentos dessa fase inicial da juventude. Já em outro projeto, estou no início da escrita de uma nova história, que passará no período do domínio holandês no Brasil, por volta dos anos 1630 a 1650, mas ainda não tem título definido. Essa história está me exigindo bastante pesquisa, porém está sendo muito prazerosa. Também estou nas atividades de divulgação do meu último livro “O Papafigo”, que é uma lenda urbana brasileira. Além disso, tenho outros projetos já mapeados e aguardando ter tempo para me dedicar a eles. Portanto, nos próximos anos terei muitas novidades para os leitores.

Gostaria de deixar algum recado para os leitores do Lost Words, e para seus futuros leitores?
Claro! Primeiro quero agradecer a oportunidade dada pela Aline e pelo Lost Words, de me apresentar e apresentar a minha obra. Um agradecimento aos meus leitores que, aos poucos, vão se avolumando e me incentivando a escrever mais. Um abraço especial à turma do Literando Clube (@literando_clube), de Campina Grande. Aos demais, convido-os a conhecer a minha literatura e me acompanhar nas redes sociais. Como disse, muita coisa boa virá!

Sobre sua(s) obra(s):


Sinopse: Quando Manuela planejou uma viagem com seus colegas, queria muito mais que ter novas experiências, aproveitando as festas juninas no Maior São João do Mundo, em Campina Grande. Sua intenção era fugir dos traumas de seu frustrado relacionamento. O que ela não imaginava era que seu drama estava apenas começando. Este livro resgata a lenda do papafigo, também conhecida em algumas regiões do Brasil como o homem do saco. Trata-se de uma criatura ao mesmo tempo humana e monstruosa, e que é afligida por uma delicada condição de sobrevivência. Aqui, ela deixa de ser uma fantasia que aterroriza o imaginário das crianças para possuir características contemporâneas, realistas e cruéis. Possuidor de uma doença rara, ele assume duas formas, uma horrenda e repulsiva, e outra, a mais perigosa, bela e atraente. Para a infelicidade de Manuela e seus colegas, o Papafigo cruzou com seus caminhos. - Compre aqui!


Sinopse: O livro narra, em uma forma lúdica e por meio da fábula, os conflitos que há na sociedade e a luta pela liberdade total e o pleno convívio das diferenças. Nesse segundo livro, a história é protagonizada pelos gatos. A fábula dá palco às emoções e aos sentimentos de paixão, raiva, ciúme, inveja, ganância, traição, confiança e amizade e as consequências da exacerbação deles. A história ganha contornos mitológicos quando o Gato conhece a Lua e o Sol: seres superiores que só o Gato consegue enxergar e interagir. O Gato e a Lua acabam se apaixonam um pelo outro, provocando a ira e o ciúme do Sol e a desconfiança de Mia, a melhor amiga do Gato. Gatos, lua, sol, cachorros e outros animais se misturam numa trama repleta de aventuras, em que a paz dos animais é quebrada e o clima amistoso dá lugar a um eminente conflito entre os gatos e os cachorros, na disputa pelo controle do Parque da Cidade. - Compre aqui!


Sinopse: O livro, inspirado em fatos reais, retrata o período histórico dos últimos 40 anos no Brasil e traz a uma realidade social que muito lentamente vem se modificando nesse país. Inspirado em elementos verídicos, a trajetória de Angélica permite a reflexão sobre problemas que o brasileiro ainda não conseguiu solucionar. Precariedade da educação, trabalho infantil, prostituição, drogas, violência, economia informal, exclusão social, favelização, saneamento básico, fragilização das relações trabalhistas e preconceito social são alguns desses problemas, os quais podem ser observados ao longo da narrativa. 
Porém, a luta de Angélica tem a contar mais do que problemas de nossa sociedade. Família, amizade, cultura, arquitetura, culinária, empreendedorismo, geografia, história, trabalho, persistência, resiliência e ética são, em outra medida, elementos positivos que enriquecem a problemática que pode ser extraída da história de uma mulher, negra, pobre, nordestina e com pouca escolarização. - Compre aqui!


Sinopse: O livro trata da amizade inusitada que surge entre um cachorro doméstico, de uma cidade do interior, chamado Max, e um cachorro de rua, chamado Biriba. Quando Max visita a cidade grande e vai ao Parque da Cidade ele se encanta com tudo e acaba se perdendo de sua família. Para sua sorte, ele conhece Biriba, um cachorro que é seu oposto: repleto de experiência na rua e muito experiente. O desafio dos dois é conseguir escapar da turma de Rolifield, recuperar a coleira das patas de Natasha e encontrar a família de Max. Nesse caminho, muitos problemas e confusões vão surgindo. - Compre aqui!

Sobre o(a) autor(a):


Arturo Cavalcanti Catunda é paraibano de Campina Grande. Administrador com doutorado em educação pela UFBA, já atuou em diversas organizações públicas e privadas. Atualmente trabalha na Universidade Petrobras, desenvolvendo ações relacionadas à gestão do conhecimento. Possui os seguintes livros publicados: As Aventuras de Max e Biriba (2014), Angélica Negra (2016), O Gato e a Lua (2018) e O Papafigo (2024). 
Conheça o site do autor: www.arturocatunda.com
Siga o autor no Instagram: @arturocatundaautor

Beijos!

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