ENTREVISTA COM AUTORES #114 | Autor Mikka Capella

by - quinta-feira, abril 22, 2021


1 - Como você percebeu que queria ser escritor?
Acho que é algo que sempre esteve presente. Eu sempre consumi muita ficção, em diversas mídias, desde criança. Desenhos, filmes, quadrinhos, livros... Sempre soube que era aquilo que queria para mim. O livro surge como primeira possibilidade, por trata-se de uma mídia mais acessível para quem quer contar histórias. Lembro de ter escrito meu primeiro livrinho com uns nove, dez anos. Era, já, um conto de horror, chamado O Ônibus Maldito! (risos) Uma professora pediu para ler e nunca me devolveu!

2 - Tem algum personagem favorito? De modo geral ou de seus livros? Se sim, por quê? O que ele significa para você?
Houve vários personagens preferidos ao longo da minha vida. Eu diria que os personagens foram meu primeiro modelo, sabe? Não tive um pai muito presente e acho que não admirava tanto as pessoas à minha volta, para considerá-las referência; então tomava os heróis dessa forma. Meu primeiro personagem preferido foi o Luke Skywalker. Hoje, parando pra pensar, acho que a identificação surgiu por ele ser alguém bom, preocupado com os outros, mas vivendo num mundo pequeno demais para si mesmo. De repente, esse mundo se expande com a jornada e ele começa a crescer. Era o que eu queria para mim. Acho que esse é o poder da ficção.

3 - Como foi, para você, entrar no mundo literário?
Uma coisa muito assustadora! (risos) Acho que para todos nós, pelo menos a maioria. Eu não conhecia ninguém, não sabia por onde começar. Ok, escrevi uma história, e agora? Não é exatamente uma carreira tradicional, em que você se forma em alguma instituição conceituada e entra no mercado de trabalho. A gente vai tateando no escuro, como alguém perdido numa floresta, à noite... abrindo o próprio caminho com um facão.

4 - Você faz muitas pesquisas antes de escrever uma história?
Sim, muita. Dependendo do tamanho da história, a pesquisa pode levar meses. Eu não começo a escrever antes da história estar pronta, sabe? Algumas pessoas acham que isso mata a inspiração, mas eu não acredito em inspiração. Ou melhor, acredito sim... mas inspiração é o primeiro passo, certa sensação que nos coloca numa direção. O resto do caminho, temos que trilhar por nós mesmos. Essa é a maneira profissional de fazer nosso trabalho.

5 - Existem muitas cobranças por parte de seus leitores?
Ainda não vivi nada desse tipo, mas acho difícil que a cobrança deles supere a minha própria. Sou bastante exigente comigo mesmo e ainda não encontrei alguém com expectativas tão altas ao meu próprio respeito.

6 - Fale um pouco sobre sua forma de criação... Possui alguma mania na hora de escrever?
Não sei se tenho manias... Pode ser que sim, mas não as percebi ainda. Meu processo de criação é muito simples: eu tenho um arroubo de inspiração, como citei acima, alguma empolgação irresistível com algum tema específico que, por alguma razão, tenha parecido promissor para mim; então começo a desenvolver uma história, trabalhando com alguma estrutura narrativa em que a ideia se encaixe. Aqui termina completamente o papel da inspiração e começa a labuta profissional de verdade. É por isso que é importante a gente gostar do que faz.

7 - Quais são seus projetos para um futuro próximo?
Neste começo de ano, tenho tido poucas oportunidades para escrever. Também sou editor, preparador e revisor de textos. A carga de trabalho com essas outras profissões editoriais, digamos assim, com seus prazos, tem consumido bastante do meu tempo. Entretanto, já tenho uma novela policial projetada para este ano. Falta muito pouco para poder começar a parte escrita, propriamente dita. Tenho, também, ideias para pelo menos duas noveletas, que devem ser lançadas de maneira independente na Amazon. Uma delas já tem título: O Cemitério dos Insepultos. Assim que terminar os projetos editoriais em que estou trabalhando no momento, espero, também, colocar meu site pessoal no ar.

Gostaria de deixar algum recado para os leitores do Lost Words, e para seus futuros leitores?
Gostaria, em primeiro lugar, de agradecer a oportunidade desta entrevista. Meu recado é: consumam boa ficção nacional! Por preguiça do mercado editorial (e, sim, o motivo é esse), somos desgraçadamente colonizados pela literatura e pelo audiovisual estadunidense. Nenhum país desenvolvido do mundo consome mais produção artística estrangeira do que a própria, sabe? Isso é um absurdo. Temos tanto potencial aqui!

Sobre suas obras:


Sinopse: Ângela sente falta de apenas uma coisa em sua vida – um filho. Depois de tentar todos os métodos convencionais e falhar, ela decide apelar para os poderes ocultos. Sépia, segundo dizem, é uma bruxa capaz de verdadeiros milagres quando o assunto é gravidez. O que  ngela não poderia imaginar é que o preço de seu desejo acabaria sendo tão alto. Quando uma sucessão de acontecimentos bizarros torna difícil discernir o que é real do que não é, ela percebe que pode ter caído numa armadilha do destino. Agora, entre o filho e seu casamento, tudo o que ela espera é salvar a si mesma.


Sinopse: Amara é uma jovem estudante de artes visuais com uma singularidade — um sonho recorrente. Neste sonho, ela se vê como um homem, vivendo sempre a mesma situação, no mesmo lugar. Um dia, acaba descobrindo que o lugar dos seus sonhos existe. Começa, então, uma jornada para encontrá-lo e entender a sua ligação com ele.
Quando pensava que já se entendia, em meio aos conflitos naturais da juventude, Amara se percebe desconhecendo a própria imagem. Tudo o que pensava sobre si mesma — e, consequentemente, fizera os outros acreditar — pode estar errado. Sentindo-se uma fraude, ela empreende uma busca por sua própria verdade, que parece estar irresistivelmente ligada ao Rochedo de Nossa Senhora. Lena, sua namorada, irá ajudá-la no que puder, mas sabe apenas parte do que está em jogo. Ajudaria Amara se soubesse mais? Provavelmente não. Nem a própria Amara, contudo, pode dizer, com certeza, o que restará de si, quando chegar ao Rochedo e ouvir a canção.

Sobre o autor:


Mikka Capella é cigano, nasceu em Petrópolis e é apaixonado por histórias e pela arte de contá-las. É membro da ABERST: associação brasileira de escritores de romance policial, suspense e terror. Atualmente, mora no Rio de Janeiro com seu esposo, Fábio, e Luna, sua gata preta.


Beijos!

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