Escrevo poemas e histórias desde criança. Não houve uma inspiração, mas sim uma necessidade muito grande de colocar ideias e sentimentos no papel, fossem os meus ou dos outros. Acredito que a escrita seja um exercício de empatia, onde nos podemos colocar no lugar de diversas pessoas sem perder nossa identidade.

Tenho um apreço muito grande pela escrita de Machado de Assis. Admiro sua capacidade de escrever histórias com profundidade psicológica e interpretações ricas sobre a vida. Também gostava muito dos mistérios de Agatha Christie, acho que um bom mistério e suspense torna qualquer história interessante. Não tenho um autor contemporâneo favorito, valorizo obras que me surpreendem e emocionam, independentemente do gênero, os thrillers psicológicos vem me surpreendendo positivamente.

Acho que nunca tive um bloqueio criativo, porque tenho uma visão particular sobre a escrita, que devemos escrever não por obrigação, mas por inspiração. Houve momentos em que a escrita criativa ficou em segundo plano em minha vida, embora eu continuasse a escrever para outros propósitos. Só escrevia criativamente quando me sentia inspirada. Quando comecei a escrever de forma profissional, criei uma rotina para escrever e acho que isso ajuda a não bloquear, porque nunca consigo escrever tudo que gostaria dentro das horas disponíveis. Então, muitas vezes, já começo o dia já sabendo o que escrever, pois continuo de onde parei. Costumo ler o último capítulo para entrar na mesma linha de raciocínio antes de começar a escrever.

É muito difícil lidar com todas as demandas extra escritas ao se lançar como um autor independente. Além de escrever, um autor independente se envolve em todo o processo editorial, desde encontrar os profissionais certos para uma leitura crítica, revisão, capa e diagramação, até o marketing e a presença nas redes sociais. Acho que o marketing digital é uma das partes mais complicadas e vitais para um autor, pois envolve muita tentativa e erro, o que pode ser bastante frustrante. Todas essas demandas que vão além da escrita consomem um tempo precioso, inclusive o tempo disponível para escrever

Sim, alguns leitores já compartilharam em privado comigo suas experiências pessoais com temas dolorosos que o Amiga Insana aborda, falando como aquilo ressoou para eles como real e verdadeiro. Ao mesmo tempo que isso é gratificante enquanto autora, também é doloroso perceber a dor do outro, pois isso dá uma dimensão muito maior do que você escreve. Isso me fez perceber que essa troca entre escritor e leitor é uma via de mão dupla, ao mesmo tempo que o escritor pode dar novas perspectivas para  leitores que enfrenta ou enfrentou ou enfrentará um problema semelhante, o leitor dá ao escritor uma gama de perspectivas que não foram pensadas enquanto apenas escrevia.

Escrevo pelas manhãs durante a semana. Não tem nada de muito fora do normal, não gosto muito de seguir regras ou estruturas enquanto escrevo, normalmente apenas deixo as ideias fluírem e apenas quando finalizo penso em polir o texto. Gosto de fazer bastante pesquisa sobre o que quero escrever e isso costuma acontecer antes, durante e depois da escrita. Isso tem suas vantagens e desvantagens, porque algumas vezes dá muito certo (como no Amiga Insana), outras vezes dá um trabalho muito grande de polimento.

Se o que eu escrevo for capaz de tocar o leitor já ficarei muito feliz. Escrevo para gerar identificação e emocionar, em outras palavras, acredito que a arte serve para representar a vida, nos fazer refletir sobre ela e, com sorte, ser tanto libertador quanto curativo, ou proporcionar entretenimento.

Meus planos futuros incluem o lançamento dos meus próximos livros que também abordam a saúde mental como pano de fundo. Estou na fase final de um segundo projeto que explora a dor física e emocional e as diferentes formas como as pessoas lidam com isso. Além disso, tenho outro livro já escrito, mas ainda não avancei no processo editorial. Estou ansiosa para compartilhar esses projetos com meus leitores, mas prefiro detalhar mais quando estiverem totalmente prontos.

Quero agradecer pela oportunidade da entrevista e a todos que me leram até aqui, bem como àqueles que um dia lerão. Meu agradecimento antecipado. Só existe um escritor quando há um leitor; antes disso, há apenas alguém que gosta de escrever.