ENTREVISTA COM AUTORES #255 | Autor Rafael Pinheiro
1 - Qual foi sua inspiração para começar a escrever?
A escrita, curiosamente, surgiu na minha vida mais tarde, quando eu já estava na faculdade de Jornalismo. Até pela natureza da minha profissão, ela foi se apossando de um terreno até então desabitado. Quando eu percebi a grandeza de você escrever algo para outra pessoa ler e entender, vi que era quase uma caminho sem volta. Além disso, desde muito novo, buscava a minha forma de arte. Já tinha tentado teatro e música, mas sem muito sucesso. Então, quando a escrita apareceu, foi quase um momento de pura realização. Era a descoberta do meu jeito de expressão.
2 - Quais autores ou obras influenciaram seu estilo de escrita?
Sou fã de escritoras brasileiras. Entre elas, posso citar algumas que me influenciaram profundamente, como Clarice Lispector, Lygia Fagundes Telles, Carola Saavedra, Chimamanda Ngozi Adichie, Elvira Vigna e tantas outras que tornam a escrita, e a leitura, um lugar prazeroso de se estar. Alguns dos meus livros favoritos da vida são "Paisagem com dromedário", da Carola, "Verão no Aquário", da Lygia, e "Hibisco Roxo", da Chimamanda.
3 - Como você lida com o bloqueio criativo?
Eu normalmente aceito que ele existe e que pode acontecer. O que eu faço para tentar burlar esse bloqueio é me encher de inspiração, que pode estar no cinema, teatro, música ou até em vídeos no Youtube. São conteúdos que me deixam em um estado artístico mais aguçado, com vontade de produzir alguma coisa, nem que seja um texto curto.
4 - Quais desafios você enfrentou durante sua jornada como escritor(a)?
Como escritor iniciante, o meu maior desafio até agora foi escrever meu primeiro romance, sem dúvida. A primeira vez que tentei escrever um livro foi lá em 2016. Então veja que fazia alguns anos até eu concluir "Até que o céu caia". Mas acho que foram anos necessários para eu amadurecer, encontrar minha própria voz e o tema sobre o qual eu gostaria de falar. Foi um processo fácil? Não. Nesse caminho, comecei quatro romances e não concluí nenhum. Só que foi importante para aprimorar o que desaguaria no meu primeiro livro.
5 - Você já teve experiências significativas com seus leitores? Alguma história que gostaria de compartilhar?
Acho que a mais significativa foi quando compartilhei a primeira versão do original com amigos para uma leitura. Ver as respostas ao que eu tinha escrito foi quase surreal porque, até então, nada do que tinha produzido havia sido lido. E foi lindo demais poder ter sentido esse amor todo pelo livro que ainda nem estava perto de estar finalizado como ele está hoje. Obrigado, amigos!
6 - Como é o seu processo de escrita? Você segue uma rotina específica?
Uma coisa que eu aprendi nesses anos todos de tentativa e erro, e que funciona para mim, é o planejamento. Se eu não souber exatamente para onde a história vai antes de começar a escrever, vai chegar um momento de paralisia, em que eu não consigo mais avançar. Então, eu invisto bastante tempo nesse planejamento detalhado, construção de personagem e rumos narrativos. Outro ponto importante é a escolha do narrador (ou narradores, no meu caso), que faz toda a diferença na forma como a história é contada. Depois disso, fica mais fácil. E daí não tenho uma rotina específica. Vou escrevendo quando consigo, até porque preciso conciliar o tempo com o trabalho CLT, mas tento manter uma frequência mínima para não deixar a história esfriar.
7 - Qual é o impacto que você espera que suas obras tenham nos leitores?
Eu ficaria muito feliz se o que eu escrevo despertasse sensações, sentimentos e reflexões em quem lê. Acho que toda obra literária chega para tratar de algum tema específico, que faz a gente refletir, nem que seja por um pouco, sobre a nossa própria existência. E é justamente isso que gostaria de despertar em quem lê o que eu escrevo. Espero que eu consiga!
8 - Quais são seus planos para o futuro? Você está trabalhando em algum novo projeto?
O plano agora é concluir a pré-venda do meu primeiro romance, "Até que o céu caia", e trabalhar mais um pouco nele. Depois, terminar a peça de teatro na qual estou me aventurando no momento. E, em seguida, engatar no meu novo romance que já está semi-estruturado.
Gostaria de deixar algum recado para os leitores do Lost Words, e para seus futuros leitores?
O meu recado para os leitores do Lost Words é: continuem valorizando a literatura nacional contemporânea. Em um país com tão poucos leitores, vocês são as pessoas que motivam escritores, novos e experientes, a continuar escrevendo. Espero que meu primeiro livro toque vocês, provoque, desconforte, e conforte em certa medida também, porque literatura é isso. Um grande abraço e a gente se vê!
Sobre sua(s) obra(s):
Sinopse: Em “Até que o céu caia”, acompanhamos as jornadas paralelas, porém em direções opostas, de Olavo e Eulália, dois personagens ligados por um passado compartilhado. Enquanto Olavo viaja de Recife para São Paulo imerso em rancor e sede de vingança, buscando entender os eventos que o moldaram, Eulália percorre o caminho inverso, de São Paulo para Recife, na tentativa de encontrar um perdão que parece inatingível após uma vida marcada por escolhas equivocadas; a narrativa explora como suas histórias se entrelaçam através de um jogo de causa e consequência, revelando as complexidades de suas motivações e os impactos de suas decisões. - Compre aqui!
Sobre o(a) autor(a):
Nascido em Santo André, Rafael Pinheiro é escritor e jornalista. Na infância, se interessava pelas diversas formas do fazer artístico. Experimentou de tudo até aterrissar na literatura como o meio de materializar o que não cabe em si. A partir do uso da linguagem, investiga o íntimo do ser humano. “Até que o céu caia” é o seu primeiro romance.
Beijos!
0 comentários