ENTREVISTA COM AUTORES #258 | Autor U.J. da Costa Junior

by - terça-feira, abril 22, 2025


1 - Qual foi sua inspiração para começar a escrever?
Eu cresci no boom dos animes nos anos 90. Cresci vendo Yuyu Hakusho, Shurato, Cavaleiros do Zodíaco, e, meio que desde essa época, minha imaginação já era fértil. Eu me imaginava sendo esses personagens e fazendo coisas diferentes deles. Comecei a desenhar, depois a criar poesias, contos e roteiros, até que, enfim, livros. Depois dessa verdadeira faculdade de criatividade, me inspirei e tomei coragem para contar minhas próprias histórias. E eu devo isso aos animes, minha grande inspiração.

2- Quais autores ou obras influenciaram seu estilo de escrita?
Bem, parece clichê, mas um dos meus grandes influenciadores foi o Stephen King, através do livro Zona Morta (The Dead Zone). Tolkien, com certeza, por abordar o medieval e o fantástico. Mas o cara que me fez querer escrever mesmo foi o Eduardo Spohr, um autor mais contemporâneo. Através da obra dele, A Batalha do Apocalipse, meus olhos brilharam e a mente aguçou: “Poxa, um brasileiro escrevendo algo que é 100% o que eu curto.” Então eu sorri, li a tetralogia dele e, enfim, saiu meu primeiro livro, como se tivesse forças, sabendo que um brasileiro escrevia oque era parte do meu mundo e dos meus gostos.

3- Como você lida com o bloqueio criativo?
É complicado, né? No meu livro que acabei de lançar, Membrana da Realidade, eu lidei com ele e chorei, rsrs. Realmente, eu chorei. Qual era o problema? Eu escrevi meu livro em 5 meses, e na época ele tinha 300 páginas. Quando enviei para as editoras, eu não queria um livro caro, então, como saída, me aconselharam a dividir o livro. Porém, o primeiro ficou com 150 páginas, e aí meu martírio começou. Decidi colocar mais páginas extras, porém nada saía. Escrevia duas linhas por dia. Tive crises de ansiedade.
O que eu fiz? Fui jogar Elden Ring. Sofri tanto no jogo que a dor do bloqueio passou. Então, 2 ou 3 meses depois, escrevi as 89 páginas que eu precisava.
Em suma, quando estou com bloqueio, eu paro um pouco. Vou ler, jogar, ouvir música... Daí, quando eu relaxo, as ideias vêm. É assim que eu lido com ele.

4- Quais desafios você enfrentou durante sua jornada como escritor(a)?
Acho que o maior desafio como escritor, e ser escritor no Brasil é ter um público, sabe? O hábito de ler não é muito comum entre os brasileiros. Se tivéssemos esse hábito, tudo fluiria melhor. Mas, infelizmente, a literatura não é tão popular para uma boa parte da nossa sociedade.
Meio que o maior desafio do escritor é ter um público mesmo. Porque, conversando com uns colegas escritores logo no meu início, eles diziam que não dá pra viver disso, que é cruel, é difícil e, de fato, é. Todos nós, do mais famoso ao iniciante, não podemos nos garantir só na escrita. Temos que ter outras rendas.
Mas é aquilo: a gente escreve por amor. Muitas vezes encontramos editoras que brincam com nosso sonho, mas perseveramos e escrevemos. Afinal, precisamos contar nossas histórias. E, pelo que vi, meus colegas e eu, claro, não vamos desistir.

5- Você já teve experiências significativas com seus leitores? Alguma história que gostaria de compartilhar?
Eu comecei a escrever em 2008, mas pra valer mesmo foi em 2022, rsrs. Tenho leitores que são amigos, mas não parciais eles me dão um feedback legal.
Uma história legal? Bem... Eu tenho uma leitora, ela é minha beta, e leu a história, e se apaixonou por uma personagem... mas a personagem morreu. Meio que no auge da aparição dela, rsrsrs.
A pessoa ficou sem falar comigo por 3 dias, e eu sem saber por quê. Aí, ela bolada, como dizemos aqui no Rio de Janeiro soltou: “Eu vou te matar igual você fez com a Fulana.” E ela não riu, falou séria mesmo! Hahaha.
Pior que eu amava a personagem também, mas o crescimento do herói dependia daquilo.
“Flávia, amiga, minha leitora beta... me desculpa mesmo. Prometo me redimir!” kkkkkkkkkk.

6- Como é o seu processo de escrita? Você segue uma rotina específica?
Na verdade, tenho que explicar duas coisas. Vamos lá:

Para o meu livro Membrana da Realidade, eu costumo dizer que ganhei o livro de uma força maior. Eu sou médium, e o livro trata exatamente disso. Seus gêneros principais são ação e paranormal. Eu formulei a base desse livro através de sonhos lúcidos. Eu sonhava, acordava, anotava, voltava a dormir, como se desse um “pause” e continuasse. Sonhei com a base do livro por uns 4 dias, e assim surgiu Membrana da Realidade, meu livro atualmente lançado. Quando estava escrevendo, eu costumava escrever por mais ou menos 4 horas por dia. Colocava uma música de acordo com meu humor na maioria das vezes, Metalcore. Outras vezes, rsrs, pasmem: K-pop. Vou explicar isso. Conheci o K-pop em 2023, e quando estou com pouca inspiração, músicas leves me acalmam e não me deixam ansioso. Daí, eu escutava Legião Urbana, Charlie Brown Jr., mas aí não estava resolvendo. Então o K-pop ajudou. Como me identifico com o estilo do “escritor jardineiro”, eu não sigo linhas ou planos. Eu sento no PC, releio o que escrevi, e as ideias são plantadas na hora. E, por elas, colho os frutos depois. É isso.

7 - Qual é o impacto que você espera que suas obras tenham nos leitores?
Bem, originalmente eu sou escritor de ação, mas com um leve talento pro terror. Eu gostaria de deixar a sensação de lutas e batalhas épicas, daquelas de tirar o fôlego. Quero ser lembrado por cenas e trechos alucinantes de porrada, tiro e bomba, mas que também tenham uma pegada emocional, real, como se os leitores fossem um dos Personagens. Procuro humanizar ao máximo meus personagens. Muitos são inspirados em amigos ou até em mim mesmo. Como gosto de observar o comportamento humano, me atento a isso e uso bastante. Mas a questão da adrenalina, da ação e das lutas fortes e impactantes é meu grande objetivo ao escrever.

Em Membrana da Realidade, eu espero trazer uma visão mais clara sobre a retomada da fé e como uma prática religiosa extrema pode afetar a vida dos outros pra mal. E, acima de tudo, quero impactar para que sejamos mais tolerantes  seja com as práticas religiosas dos outros ou com a vida como um todo.

8- Quais são seus planos para o futuro? Você está trabalhando em algum novo projeto?
Bem, eu tenho outros três livros para revisar e lançar. Um deles se chama Murasame e a Conspiração dos Deuses. Apesar do nome oriental, ele fala sobre mitologia grega e o mito e fascínio do ser humano pela espada. Obs: no livro, eu explico por que ele se chama Murasame, rsrs. Em seguida, pretendo escrever Membrana da Realidade 2, que já tenho a premissa e continuação em mente e anotadas! Esses serão meus trabalhos para os próximos dois anos. E quem sabe, se Papai do Céu abençoar, eu termino também meu romance chamado Lendas do Destino. Esse é um desafio e tanto, pois romance não é meu forte... mas eu adoro desafios, adoro me testar e, acima de tudo, amo escrever. Escreveria até bulas de remédio, se me pedissem.

Gostaria de deixar algum recado para os leitores do Lost Words, e para seus futuros leitores?
O recado para o pessoal do blog é: incentivem os escritores brasileiros!
Gente, sem zoeira aqui temos mentes incríveis, com histórias de tirar o fôlego. Eu era um dos caras que apreciavam mais coisas gringas ao invés das nacionais, e vejo como fui tolo nessa parte da minha vida. Nada contra os autores de fora, mas vamos começar a incentivar o que é nosso, o que vem do nosso país. Garanto: vocês não vão se arrepender. E não menos importante, rsrsrs, deem uma olhada no meu livro Membrana da Realidade! Ele está em pré-venda. Ação, adrenalina, terror no subgênero paranormal. O livro se passa aqui no meu Rio de Janeiro, mas viaja pelo Brasil. É legal, a porrada come, tem umas ironias, muita lenda urbana e diálogos que você teria com seu amigo aí na sua cidade.
Deem uma chance é divertimento na certa!

Sobre sua(s) obra(s):


Sinopse: Membrana da Realidade é o primeiro livro de uma trilogia que mergulha no fascinante universo da mediunidade e do oculto, explorando como essas experiências moldam a vida de quem as vivencia.

A história acompanha Renato Costa, um garoto abandonado pelos pais ainda bebê. Desde a infância, ele convive com dons paranormais, comunicando-se com espíritos inquietos. Infelizmente, essa habilidade o torna um pária, sendo frequentemente rotulado como mentalmente instável e incapaz de encontrar um lar.

Ao entrar na vida adulta, Renato é assombrado por suas visões, mas, aos poucos, começa a aceitar e a utilizar seus talentos mediúnicos para descobrir seu verdadeiro propósito. Em uma narrativa repleta de ação, emoção e uma pitada de ironia, Renato enfrenta suas dores, medos e perdas enquanto busca entender sua origem e o destino que o aguarda.

Uma jornada de luta e autodescoberta aguarda Renato, onde cada desafio o aproxima mais da verdade sobre si mesmo e da misteriosa força que moldou sua vida. - Compre aqui!

Sobre o(a) autor(a):


U.J. da Costa Junior nasceu em abril de 1986 em Mesquita, Rio de Janeiro.
Desde criança, sempre teve um fascínio pela cultura pop e oriental, crescendo no auge dos animes nos anos 90. Mais tarde, embarcou em uma jornada sem volta pelo mundo dos RPGs de livro.Com o passar do tempo, descobriu  seu talento para a poesia, começando a tecer suas primeiras linhas em versos
originais. Estudioso e amante da história, passou a apreciar  a literatura, mergulhando no universo de diferentes autores e culturas. Com isso, despertou o desejo de escrever obras maiores. No entanto, por
 falta de confiança e condições adequadas, arquivou esse sonho por anos.

Em 2008, finalmente escreveu seu primeiro livro completo, que se tornou a base  de seu TCC na faculdade de Design Gráfico. Esse marco abriu as portas para uma  carreira de escritor. Obstinado, enviou seus originais para editoras e deu o pontapé  inicial para compartilhar suas histórias com um público maior.

Beijos!

Você também pode gostar desses posts:

0 comentários