ENTREVISTA COM AUTORES #259 | Autor André Annansi
1 - Qual foi sua inspiração para começar a escrever?
Comecei a escrever a partir do momento que percebi que tinha o talento para essa habilidade artística. Lembro que as letras de rock foram a minha primeira inspiração para entrar no mundo da poesia. Afinal eu tentava imitar as letras de músicas de várias bandas que curtia na época. Em seguida, o que me levou em definitivo para prosa e me tornar o escritor que sou hoje foi o escritor estadunidense Edgar Allan Poe. O seu universo gótico, a sua narrativa que incomoda, a estranheza dos seus contos, a sua transgressão e pioneirismo na literatura de horror e ficção científica me abriram uma nova perspectiva sobre o que é o fazer literário. Algo que me fascinou e me fascina até hoje.
2 - Quais autores ou obras influenciaram seu estilo de escrita?
Sem sombras de dúvidas que foi primeiro, Edgar Allan Poe. Depois Álvares de Azevedo, Cruz e Souza, os poetas Beats, Rimbaud, Baudelaire ("os poetas malditos" em geral) e por aí vai...
3 - Como você lida com o bloqueio criativo?
Acredito que neste momento é preciso ter calma, paciência e buscar se afastar do estresse do cotidiano e deixar as ideias irem fluindo para voltar a se conectar com a inspiração, como fazer leituras edificantes ou por em prática sua espiritualidade (se houver) , assistir a filmes interessantes etc. pode ser uma saída. Claro, não existe uma fórmula pronta. Cada um tem sua maneira de lidar ou vai buscar formas de lidar com isso, mas sem pressa, isso é muito importante.
4 - Quais desafios você enfrentou durante sua jornada como escritor(a)?
Buscar grupos editoriais que tenham como interesse publicar obras de horror. Algo que é visto com certo preconceito com as editoras, mas nem todas são assim, é importante dizer. Encontrar seu público e fazer a divulgação depois de pronto seu livro também não é uma tarefa fácil. Neste caso, é preciso parcerias (como esta), utilizar redes sociais e tudo que estiver ao seu alcance para divulgar da melhor maneira possível sua obra aos leitores.
5 - Você já teve experiências significativas com seus leitores? Alguma história que gostaria de compartilhar?
Sim. Foi de um conto que lancei em uma coletânea de contos de suspense e horror por uma editora quando estava começando ainda minha carreira. Ele se chama "Preta Velha". Na época recebi um e-mail de uma leitora que perguntou se ela poderia continuar a minha história porque a achou muito interessante. Eu sinalizei que sim. Porém, perdi seu contato e depois não tive seu feedback para ver se ela de fato criou a sequência da história (o que foi uma pena). Talvez seria minha primeira experiência de fanfic de um leitor para comigo. E ainda com o mesmo conto, recebi, mais tarde, o relato de um leitor que entrou em contato por meio das minhas redes sociais, dizendo que encontrou esta mesma coletânea numa das bibliotecas de uma cidade de Minas Gerais (que não me lembro o nome), dizendo que adorou a minha história e comparando-a a um filme que o impactou bastante. Enfim, daí deu para perceber a força desta narrativa, em específico, diante dos leitores, o que é muito legal e interessante o seu impacto nas pessoas. E lógico, não poderia deixar de mencionar o meu primeiro prêmio literário concebido pela maioria do público leitor pela coletânea de contos de distopia/fantasia que participei em 2018 pela mesma editora que já mencionei a pouco. Ele se chama a "A ilha de Vênus". Uma distopia futurista que me rendeu muitos votos de leitores comuns e especializados, o que me mostrou o caminho certo que havia tomado dentro da literatura.
6 - Como é o seu processo de escrita? Você segue uma rotina específica?
Não sigo exatamente uma rotina. Espero a ideia estar toda (ou pelo menos em parte) na minha mente para começar a escrever. Depois vou adicionando e adequando as ideias da narrativa no texto. Geralmente faço isso nas férias.
7 - Qual é o impacto que você espera que suas obras tenham nos leitores?
Que os incomode bastante, que os tire de seu lugar de conforto. Que cause estranheza, mas que seja provocante e suscite reflexões sobre nossas vidas, para aonde vamos e o que fazer para que possamos mudar e não repetir a mesma coisa.
8 - Quais são seus planos para o futuro? Você está trabalhando em algum novo projeto?
Gostaria de publicar mais um livro com a mesma temática de horror e mistério (que já está pronto) e um livro infantil (também finalizado), o que vai ser muito interessante navegar por este gênero.
Gostaria de deixar algum recado para os leitores do Lost Words, e para seus futuros leitores?
Que adquiram e busquem ler o meu segundo livro "MACABRO" para se divertirem primeiramente, pois é um livro feito exatamente para isso. Para quem gosta deste gênero de horror não vai se decepcionar: há muito mistério, reviravoltas e temas que a sociedade não gosta de debater e que vai tirar o leitor do senso comum.
Sobre sua(s) obra(s):
Sinopse: “Macabro”, segundo o dicionário: adjetivo “que incita o horror; de teor hediondo; horrendo, tenebroso.” Portanto é uma parte da ideia que o leitor se deparará nas páginas que compõem este livro, pois um único adjetivo, claro, seria pouco para expressar a complexidade do texto, mas é o que define, mesmo que “precariamente”, e que o engloba neste contexto sombrio em que estão inseridos seres tão reais e fantasiosos, imersos num universo provocador, atraente; porém hostil, tortuoso e perigoso, muito próximo do nosso. Verdadeiros espelhos refletindo a atualidade e a nossa realidade por vezes deveras obscura.
Assim, André Annansi retorna para seu segundo livro com cinco contos macabros, prontos e esperando para ganhar forma e vida nas mentes dos mais variados leitores a fim de abrir as portas para um mundo novo e cheio de mistérios, no qual a garra sombria e monstruosa do desconhecido, emerge da escuridão, em busca de agarrá-los pela imaginação e jogá-los, por fim, para dentro deste louco, sombrio e definitivo mundo... MACABRO! - Compre aqui!
Sobre o(a) autor(a):
André Annansi ou, simplesmente, André Pereira nasceu em 31 de julho de 1984, em Campinas, residindo, atualmente, na cidade de Sumaré-SP. Pós-graduado em Letras, é professor de Língua Portuguesa na rede pública do estado de São Paulo. Participou de diversas coletâneas literárias de poesias e contos. Dentre elas, foi ganhador do prêmio Strix de Literatura de melhor conto de 2019, promovido pela editora Andross, na categoria Conto Fantástico, com a distopia futurista “A Ilha de Vênus”, na antologia “Além da Magia”. Sua estreia em uma obra solo ocorreu em 2020, com a publicação do livro de contos “Alvorada Sombria”.
Contatos:
E-mail: andreaannansi@gmail.com
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