ENTREVISTA COM AUTORES #232 | Autora Joanne Bonn

by - sexta-feira, setembro 27, 2024


1 - Qual foi sua inspiração para começar a escrever?
A ideia do livro surgiu quando eu percebi o grande número de estudantes neurodivergentes nas escolas da França, onde habito atualmente. Percebo como aqui essas crianças conseguem um grande apoio da escola, tanto na identificação do problema quanto no encaminhamento a diversos profissionais para auxiliarem na inclusão e desenvolvimento dessas crianças. Na própria escola eles podem ter direito a auxílios extras, como um acompanhante ou o uso de tablets, a depender do transtorno e do grau. Isso me pareceu tão longe da realidade que a pessoa que inspirou a Tatá viveu que eu me senti compelida a contar a história dela.

2 - Quais autores ou obras influenciaram seu estilo de escrita?
Eu diria que meu estilo foi influenciado majoritariamente pela minha experiência em leitura infantil com meu filho, de 3 anos. Eu percebo como as narrativas mais ritmadas, quase como cantadas, são aquelas que mais lhe atraem. 

3 - Como você lida com o bloqueio criativo?
O que mais funciona pra mim é dar uma pausa. Muitas vezes é só a mente cansada. No dia seguinte eu volto e releio o texto, alterando o que me pareceu estranho, acrescentando o que ficou faltando... normalmente no final desse processo novas ideias me surgem para seguir com a narrativa.

4 - Quais desafios você enfrentou durante sua jornada como escritor(a)?
A começar pela busca da editora ideal. Quando somos novos na área, nos sentimos muito perdidos. Eu, pessoalmente, fechei contrato com 2 editoras diferentes e a experiência muda de forma drástica. Depois vem a dificuldade com o marketing. Hoje em dia você precisa ser influencer em tudo que você faz e isso se reflete também no mundo literário. Você precisa promover, estar ativo nas redes, criar inúmeros conteúdos, ir atrás de quem possa te ajudar... é muito cansativo! Sem contar que percebo que muitas editoras hoje olham primeiramente seu número de seguidores antes de aceitarem seu projeto. 

5 - Você já teve experiências significativas com seus leitores? Alguma história que gostaria de compartilhar?
Meu livro ainda é muito recente, foi lançado este mês. Mas toda vez que recebo um feedback de alguém que disse se identificar com a história me emociona bastante. Assim como quando mostram os mini leitores se divertindo com a personagem. É muito gratificante. 

6 - Como é o seu processo de escrita? Você segue uma rotina específica?
Não sigo rotina. Quando a ideia surge eu busco escrever logo ou anotar em algum lugar para não esquecer. Isso é muito importante porque, acredite, você vai esquecer. Como normalmente essas ideias surgem à noite, naqueles momentos de insônia, busco guardar pra escrever no outro dia. A parte da escrita pra mim é sem ritual nenhum, apenas pegar meu notebook, sentar na cama e arregaçar as mangas.

7 - Qual é o impacto que você espera que suas obras tenham nos leitores?
Para esta obra especifica, eu espero deixar um impacto de empatia e inclusão. Acredito que o livro possa ajudar crianças com TDAH de 3 principais formas. A primeira, promovendo um senso de pertencimento. Ao ler uma história de alguém que passou por algo parecido com o que você está enfrentando, as coisas se tornam mais leves, não parece que só você não é como os outros. Segundamente, creio na importância de ler sobre a diversidade para crianças neurotípicas, promovendo assim a empatia e a inclusão. Se você sabe do que se trata, as chances de você acreditar que seu amiguinho é preguiçoso ou burro (rótulos comuns para quem sofre do transtorno) se tornam muito menores. Por fim, acredito que o livro seja poderoso para educar também os pais nesse processo. Sei que o desafio de ter um filho neurodivergente nunca é fácil, mas que eles são os principais responsáveis em proporcionar um ambiente acolhedor e compreensivo. Acredito que o livro seja importante para ajudar os pais a terem maior empatia e se aprofundarem mais no assunto, o que, por sua vez, ajuda a criança a receber um diagnóstico mais cedo e começar a trabalhar para se sentir melhor.

8 - Quais são seus planos para o futuro? Você está trabalhando em algum novo projeto?
Eu pretendo continuar com esta carreira, mas meus gêneros são muito variados. Já escrevi um livro de ficção baseado em fatos históricos no qual os gatos contam sua visão da História. Ele vai sair em breve e espero voltar aqui para contar mais sobre ele também! 
Sobre novos projetos, eu tenho uma continuação dessa narrativa felina em mente e gostaria também de escrever mais livros infantis e, por que não, que abordem temas relacionados à maternidade no mundo contemporâneo. 

Gostaria de deixar algum recado para os leitores do Lost Words, e para seus futuros leitores?
Espero que vocês gostem do que eu trouxe até agora, não se acanhem se quiserem tirar mais dúvidas nas minhas redes. Muito obrigada pela oportunidade. 

Sobre sua(s) obra(s):


Sinopse: Tatá tem TDAH, mas ainda não sabe. Logo, ela descobrirá como transformar suas dificuldades em habilidades e verá que pode ser tudo aquilo que desejar, desde que tenha a ajuda, o acompanhamento e as condições necessárias para conseguir ultrapassar as adversidades... afinal, assim como todo mundo! - Compre aqui!

Sobre o(a) autor(a):


Joanne Bonn é paraense, filha de mãe pernambucana e pai mineiro. Atualmente, mora no interior da França, numa região campestre, com seu companheiro e seus filhos. Tatá tem TDAH é sua primeira obra infantil, inspirada em uma história que vivenciou na sua infância.

Beijos!

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1 comentários

  1. Muitíssimo obrigada pela oportunidade!!! Ficou lindíssimo e super completo seu trabalho!

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