ENTREVISTA COM AUTORES #188 | Autor Julius Vieira
Às vezes eu penso que a escrita veio de forma tardia, se comparada ao período que crio histórias. As lembranças mais emblemáticas que eu tenho disso são da época do fundamental, quando eu e uns amigos criamos uma versão nossa de “Turma da Mônica”, a “Turma do Maycon”, já que eu criava as histórias e ele desenhava. Tinha um amigo nosso que era o antagonista, ele sempre era derrotado nas histórias, mas sempre voltava de alguma forma no final.
Lotamos alguns cadernos de 96 folhas com esses quadrinhos — que infelizmente se perderam —, mas chegou um momento em que eu criava mais histórias do que meu amigo conseguia desenhar e, às vezes, ele só não estava a fim mesmo. A dinâmica acabou se perdendo.
Foi aí que conheci a literatura juvenil, no finzinho do fundamental. A saga Percy Jackson foi minha introdução a esse mundo de histórias um pouco mais complexas e o conceito de saga literária. E a cada livro novo que eu lia dessa saga, eu sentia que era assim que eu queria contar minhas histórias, através dos livros.
2 - Quais autores ou obras influenciaram seu estilo de escrita?
Hoje em dia acho difícil definir porque já somaram tantas referências que eu me perco para citar nomes. Porém, de início, o próprio Rick Riordan, autor de Percy Jackson, era o autor que eu tentava emular, com sua escrita leve, divertida e narradores sarcásticos. Mas eu acho que outros autores foram dando camadas novas ao meu estilo, para citar algum brasileiro, Leonel Caldela é uma referência. Costumo também buscar referência para cada obra em específico, já que eu costumo escrever em diversos gêneros.
3 - Como você lida com o bloqueio criativo?
Eu acredito que o ócio criativo é a melhor coisa. Ir fazer algo que não tem nada a ver com escrever, mas que estimule a criatividade. Ler, assistir um filme, andar..., mas também tento respeitar o meu tempo de “improdutividade”, pois ele faz parte do processo.
4 - Quais desafios você enfrentou durante sua jornada como escritor(a)?
Acho que maior questão para um artista é agregar público. Disputar a atenção — e também o dinheiro — dos meus possíveis leitores com tantos outros estímulos e possibilidades, em um país onde a literatura ainda é vista como um luxo e que ainda dá passos iniciais para um consumo massivo dos autores nacionais, é o maior desafio com certeza.
5 - Você já teve experiências significativas com seus leitores? Alguma história que gostaria de compartilhar?
Eu tenho um conto chamado Onze-Horas, esse conto se passa numa sessão de terapia onde uma adolescente precisa ser convencida por sua psicóloga a falar abertamente sobre um trauma. Não vou dar spoilers aqui, mas uma leitora, após ler o conto, me contou sobre ter passado pela mesma coisa que a personagem e que esse conto tinha feito muito bem a ela. Apesar de eu não saber bem como reagir, afinal, é um assunto delicado, eu fiquei feliz de saber que minha literatura fez estava acolhendo a dor de alguém, e de certa forma, aliviando. Tive experiências parecidas com meu livro Em Algum Lugar Dentro de Mim, que fala sobre luto.
Mas não posso deixar de citar o fato do meu irmão ter a tatuagem de um poema meu. Eu nunca imaginei algo assim e é muito especial para mim.
6 - Como é o seu processo de escrita? Você segue uma rotina específica?
Normalmente é caótica e pouco contínua, exceto quando tenho picos de querer finalizar uma história dentro de um prazo, aí tento criar metas diárias de produção. Porém, eu gosto de deixar meu processo ter o próprio tempo e a não ser que eu tenha prazos, faço em um ritmo tranquilo.
7 - Qual é o impacto que você espera que suas obras tenham nos leitores?
Acho que eu busco que as pessoas se encontrem de alguma forma ali. Seja rindo de uma história onde o humor é parecido com o dela ou chorando por se conectar com o drama de um personagem. Para mim, as melhores histórias são as que eu consigo me inserir de alguma forma e fazer parte delas. É o que tento reproduzir.
8 - Quais são seus planos para o futuro? Você está trabalhando em algum novo projeto?
Estou cheio de projetos! Daqui para o fim do ano devo lançar o meu primeiro livro focado em romance, mas que também tem muito humor que é o “Eu não queria narrar esse romance clichê”, a capa deve ser revelada em breve. Estou organizando uma nova coletânea de poemas que deve sair de forma digital também nos próximos meses. E tô produzindo uma Antologia que deve conter quatro histórias focadas em humor non-sense, expandindo o universo da minha noveleta “O comediante que perdeu a graça”.
E meu grande projeto atualmente é o financiamento coletivo recorrente que criei no apoia.se, onde eu disponibilizo semanalmente conteúdos literários para assinantes, dentre contos, resenhas e ensaios. A partir de R$1 a galera já pode fazer parte. Inclusive a antologia deve sair para os assinantes antes de ser publicado de outra forma.
Gostaria de deixar algum recado para os leitores do Lost Words, e para seus futuros leitores?
Eu convido a todo mundo me seguir nas redes sociais e considerar assinar o financiamento coletivo que ajuda muito a manter minha produção criativa e a gente criar uma relação bem mais próxima.
Agradeço muito a Aline pela oportunidade e pelo papo!
Sobre sua(s) obra(s):
Sinopse: “Ed é um pequeno dragão que tinha medo de tudo o que habita fora do ovo em que nasceu. Até o dia em que encontra um objeto poderoso, capaz de o ajudar a encontrar o seu lugar: Um livro. Uma história encantadora para adultos e crianças que querem descobrir o mundo.” - Compre aqui!
Sinopse: "Félix, um jovem de 19 anos aspirante a escritor e que adora escrever poesia, se vê devastado após sofrer o maior baque emocional de sua vida. A partir desse acontecimento, ele começa a ter viagens introspectivas que o levam para algum lugar dentro de si, um lugar onde habitam, principalmente, suas memórias. Alternando entre esse mundo interior e exterior, Félix começa a refletir sobre a vida, sobre amor, amizade e o tempo; esse último faz questão de nunca parar, fazendo com que o jovem rapaz sinta o efeito que os 365 dias de um ano podem causar na vida de alguém.
"Olha, Senhor Tempo
Eu nem sei se me lembro
Quem eu era
No último dezembro. " - Compre aqui!
Sinopse: "O que você pediria a um gênio da lâmpada que te oferecesse três desejos?"
Askhar Wesker teve a oportunidade de responder essa questão diretamente para o próprio gênio. Mas o que acontece quando um garoto mimado, consumista e arrogante pode desejar o que quiser?
Quando Askhar esfregou a lâmpada, não esperava que ela realmente funcionasse, mas sua curiosidade foi maior. E assim que o garoto resolveu acreditar que o ser que saiu em meio a aquela fumaça azul era real, ele teve certeza de seu pedido.
"Eu quero desejos infinitos!" - Compre aqui!
Sobre o(a) autor(a):
Julius Vieira nasceu na capital goiana em março de 1997 e é graduado em Letras pela Universidade Federal de Goiás. Teve sua estreia literária em 2018 com o livro "Três Desejos", uma fantasia infanto-juvenil. No ano seguinte, publicou um drama voltado para o público jovem adulto intitulado “Em algum lugar dentro de mim” e, em 2022, publicou o livro "Poemas que pensam demais", sua primeira coletânea de poesia. Também possui diversos contos publicados de forma digital, onde passeia por diversos gêneros literários.
Beijos!
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