Sempre tive fascínio pela escrita, desde pequena. Acho que minha sede de vida é o que me inspira. A escrita é um jeito de viver todas as vidas que não cabem numa pessoa. Ao criar um personagem, é como se estivesse vivendo uma vida diferente, sendo uma pessoa diferente, algo que nunca conseguiria se estivesse satisfeita em ser apenas uma. Para além disso, uso minha escrita como uma forma de ler o mundo e o ser humano. A minha necessidade de questionar traços do ser humano, principalmente aqueles para os quais muitas pessoas não gostam de olhar, é algo que me motiva. Enfim, a escrita é o meu jeito de estar no mundo.

É até difícil ter uma resposta objetiva porque estou sempre disposta a descobrir um autor novo, mais até do que ler muitas coisas sobre um mesmo autor, mas posso dizer que Lygia Fagundes Telles e Gabriel García Márquez fazem parte da minha lista de autores que amo.

Não lido. Entendo o bloqueio à escrita como um convite à leitura, à descoberta de novas ideias e ao afastamento. Com isso, acredito que promovo uma oxigenação, uma limpeza na mente que me ajuda a retornar sem tanta ansiedade.

O maior desafio é incluir a escrita numa rotina diária. Não me dou por satisfeita com quinze ou trinta minutos diários escrevendo. Sinto que preciso de mais que isso ou minhas ideias não terão tempo suficiente para se organizarem. Só que as tarefas do cotidiano acabam tomando esse espaço e não permitindo que eu priorize a escrita.

Todo retorno dos leitores é sempre muito significativo. É sempre muito bom ouvir das pessoas que elas gostaram da história e que foram de alguma forma influenciadas por elas. Também percebo que as pessoas gostam quando falo sobre escrita. Poucos dias atrás, uma amiga com quem não falava havia muitos anos me mandou um áudio dizendo que estava voltando pra faculdade e que se sentia muito influenciada pelo apoio que dou a outros escritores iniciantes com minhas postagens. É muito bom ouvir que você melhora a vida de alguém com o que você faz.

Completamente aleatório. Às vezes surge uma ideia no banho, no sonho (algumas vezes chego a redigir textos enquanto durmo, mas preciso passar pro papel o quanto antes porque esqueço rápido). Outras vezes crio histórias a partir de frases que me chamam a atenção. Gosto de anotar frases que acho interessantes em qualquer lugar que eu as escute ou as leia. Séries de tv, livros, ou mesmo em situações cotidianas, como conversas (minhas ou dos outros, rsrs).

Eu não sou muito adepta a pautas. Acho bem legal - e muito válido - que pessoas usem sua escrita para trazer reflexões sobre temas da sociedade atual, mas, particularmente, tenho um encantamento pelo abstrato, pelo oculto, sabe? Gosto de escrever sobre coisas que façam com que as pessoas visitem suas próprias sombras, abstrações e verdades e que tragam uma releitura para algo que foi mostrado, uma face nova para o estranho a partir da sua própria visão de mundo. Com minhas histórias, desejo que o leitor olhe, antes de tudo, para si próprio e, a partir de então, para o mundo ao seu redor e o seu papel nesse mundo. Claro que em algumas dessas criações as pautas podem aparecer, mas não que sejam o objetivo principal. Ter essa liberdade é o que mais gosto como escritora.

Percebo que existe uma cobrança, tanto do próprio autor quanto do público em geral para o lançamento de um segundo livro, como se o primeiro não fosse o suficiente para que alguém seja considerado um escritor. Procuro não dar atenção a isto e deixar meu processo fluir naturalmente. Tenho um segundo livro em andamento, mas confesso que sem previsão para ser lançado. Ele fala sobre a trajetória de uma jovem mulher ao longo de duas vidas terrenas. Gosto muito de histórias que envolvem viagens no tempo, ou passagens de tempo (o tempo é algo que sempre chamou muito minha atenção).

Aos leitores do Lost Words, quero dizer que não percam as indicações da Aline porque ela traz uma infinidade de livros e autores maravilhosos que, embora muitos estejam fora dos radares do mercado literário, têm muita qualidade e excelentes leituras e reflexões a oferecer. Aos meus futuros leitores (nunca te pedi nada, então, que tal dar uma oportunidade?), espero que gostem da leitura e que meu trabalhos lhes sejam úteis de alguma forma, seja ela qual for. Também tento ser acessível o máximo possível e recebo com carinho quem quiser trocar alguma ideia. Ah! E não esqueçam de deixar review na plataforma após a leitura, isso é muito importante para o escritor.

Josileide Nascimento Cardoso Tranzillo é baiana, policial militar, professora e escritora. Desde muito pequena admira o universo da leitura e escrita, tendo se graduado no curso de licenciatura em letras com língua espanhola. Fascinada por esta arte, escreve para observar, ler o mundo e as pessoas e traduzir em palavras tudo aquilo que aprecia na realidade ao seu redor, mas também para criar possibilidades e questionar ideias, com a convicção de que não há verdade tão absoluta que não possa ser sondada, questionada ou, por vezes, transmutada.

Vivendo em Londres desde 2019, retomou e fortaleceu, durante o período pandêmico, a sua relação com a escrita, encontrando principalmente nos contos uma forma rápida, intensa e múltipla de criar histórias, trazendo temas que esmiúçam as várias facetas da natureza humana. A autora também gosta de interagir com leitores e outros escritores, motivo pelo qual mantém um perfil no Instagram (@liter_alterando) onde compartilha dicas de livros, resenhas, trabalhos de colegas, dicas de escrita e alguns dos seus escritos.