ENTREVISTA COM AUTORES #103 | Autor Leonardo Brant

by - quarta-feira, novembro 25, 2020

 

1 - Como você percebeu que queria ser escritor(a)? 
Escrever para mim era um hobby. Eu me divertia com minhas pequenas estórias, explorando assuntos que gostava, baseados nos livros que me eram importantes. Um exemplo, foi um conto sobre um samurai errante que foi influenciado pela leitura que eu fiz da obra Musashi, do Eiji Yoshikawa. E assim eu escrevia, defendendo meu ponto de vista em cenários e universos que eu gostei de ler. 
Até que durante um treinamento de desenvolvimento pessoal em que participei há cinco anos atrás, o instrutor lançou o seguinte desafio: "- Qual seria a sua ocupação, se pudesse seguir seus sonhos? O que você gostaria de deixar como legado, como marca da sua passagem pela Terra?" Estas questões me incomodaram demais. Apesar da minha carreira na área de Recursos Humanos, eu percebi que lá no fundo, eu devia a mim mesmo, colocar as minhas idéias para o mundo. E assim foi. 

2 - Tem algum personagem favorito? Em modo geral ou do seu(s) livro(s)? Se sim, por quê? O que ele significa para você?
Tenho certos "amigos" que me ajudaram na construção do meu próprio caráter. Frodo Baggins, pela coragem de fazer o certo; Edmond Dantes, que mostrou como planejar nos minimos detalhes; o Shadow do Deuses Americanos.
Atualmente, estou de lua de mel com a Laura Viana, personagem principal do meu livro "Das Profundezas". Laura me surpreendeu. É um daqueles casos em que a personagem acaba tendo vida própria e surpreende o escritor completamente. Eu havia planejado uma policial inteligente, durona, forte, destemida para enfrentar a ameça que paira sobre a cidade do Rio de Janeiro. Ela chegou bem mais real, uma mulher com questões, dúvidas e inseguranças, apesar do respeito que tem dos colegas na delegacia de homicídios. 


3 - Como foi para você, entrar no mundo literário?
Entrei como a maioria, pela porta da biblioteca pública da cidade. No meu caso, Belo Horizonte, onde ficava quando criança, esperando minha mãe me buscar depois do trabalho dela. Sou muito introvertido e a liberdade de testemunhar os conflitos entre grandes heróis em mundos fictícios foi e continua sendo, meu lugar de conforto.
Sempre li muito. Os livros, de todos os gêneros, épocas e lugares, são a minha forma de entender este mundo e esta vida, ambos desprovidos de manual ou para-quedas.

4 - Você faz muitas pesquisas antes de escrever uma história?
Principalmente durante. Te explico. Os projetos que eu desenvolvo e depois se tornam livros, são idéias sobre assuntos que eu gosto muito, que acompanho há anos e de certa forma, chamam minha atenção e meu interesse. Meu primeiro livro foi sobre tecnologias impossíveis, que de alguma forma existem em nosso planeta. O segundo, que participou do 4º Premio Kindle de Literatura em 2019, falava sobre uma Pandemia (!!) em um futuro próximo, ás portas do caos social e econômico. Das Profundezas foi o projeto mais tranquilo, em que minha experiência com empresas multinacionais e o olhar crítico sobre a ganância desmedida, serviu como suporte para o desenvolvimento do enredo. 
Em todos os três projetos, o contexto é familiar para mim. Os detalhes sobre as cenas, as características dos personagens e os seus conflitos são o que eu realmente pesquiso, mas isso vai acontecendo a medida que escrevo. Acho que sofro de curiosidade patológica e detalhes fantásticos escondidos na rotina diária, chamam minha atenção de forma diferente. 

5 - Existem muitas cobranças por parte de seus leitores?
Sim. Como minha abordagem fica na fronteira entre o que é possível de existir e o que é verdadeiramente fantástico, as discussões são meio acaloradas. Também vejo muito desconforto sobre o excesso de realidade dos personagens principais. As falhas, os desejos, os medos são muito próximos do real e isso acaba levantando pontos para comparação e projeções. Mas eu acredito que este é justamente o diferencial que eu busco. Deixo o fantástico, o fictício para a estória e o impacto dos acontecimentos nos personagens tem que ser tão real como se estivesse acontecendo comigo ou com você. deixando a dúvida no ar: O que é ficção? o que é realidade?

6 - Fale um pouco sobre sua forma de criação... Possui alguma mania na hora de escrever?
Demoro muito para entrar no "flow", mas depois que isso acontece, consigo fazer várias páginas de uma vez. Este estado de criação exige equilíbrio e disciplina. Uma coisa que me ajuda muito, são músicas para entrar no clima. Tenho uma música para buscar um personagem, outra para narrar uma cena, trilha sonora para  o clima do livro. Música ajuda!

7 - Quais são seus projetos para um futuro próximo?
Tenho três projetos em desenvolvimento. A questão é organizar qual será o próximo. Um sobre Inteligências Artificiais, outro sobre um futuro distópico de verdade, com grandes questões sociais e aquele que, ao meu ver e com a devida humildade, precisa fazer justiça ao conceito literário de...vampiros. 

Gostaria de deixar algum recado para os leitores do Lost Words, e para seus futuros leitores?  
Claro! Que os leitores do Lost Words se tornem leitores dos meus livros e que meus leitores acompanhem o seu trabalho, que tenho certeza, irá ajudar ainda mais na relação pessoas e livros.
Esta talvez seja a relação que precisa de mais atenção no momento. Temos, nas bibliotecas, uma HERANÇA incalculável. As maiores mentes humanas registraram sua visão sobre o mundo e a vida nas páginas dos livros. Está tudo lá, ajuda para melhorarmos nossa autoestima, o mapa para o  autoconhecimento, experiências fictícias que, para nosso cérebro, servem como se fossem reais. Precisamos aceitar a necessidade de adquirir mais conhecimento, mais experiências e maior empatia pelo próximo. 

Sobre sua obra:


Sinopse: Laura Viana é uma das principais investigadoras da delegacia de homicídios do Rio de Janeiro. Autoconfiante, a policial se sente à vontade resolvendo casos violentos e evitando relacionamentos pessoais.
Quando seu telefone tocou as três da manhã desta quarta-feira, ela seguiu para a cena do crime como fez várias vezes no passado.
Mas na entrada da Marina, o aglomerado de carros oficiais e a presença de todos os investigadores de homicídios, indicam que desta vez ela pode não estar preparada para o que irá encontrar.
Das profundezas é de onde vem a sede de sangue deste assassino e o medo primitivo que ele desperta. Até que o caso seja solucionado, ninguém estará a salvo, nem mesmo a investigadora.
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Sobre o autor:


Leonardo Brant Junqueira, 46 anos, é mineiro de Belo Horizonte. Autor de livros de ficção, se sente à vontade com estórias que desafiam o conhecimento que as pessoas têm sobre o mundo onde vivem, e principalmente sobre si mesmas.
Formado em Psicologia pela PUC de Minas, usa a linguagem para explorar a relação entre estórias fantásticas e a experiência humana. De tanto ler sobre outros lugares, acabou por fazer das viagens uma prática para ampliar horizontes. Quando se mudou para Niterói, no estado do Rio de Janeiro, conheceu Cintia, que gosta de viajar ainda mais do que ele.
Leo Brant, como todos preferem chamá-lo, está se divertindo com as críticas que sua nova série está recebendo de leitores por todo o Brasil. O primeiro volume, “Das Profundezas”, um thriller psicológico, tem surpreendido fãs deste gênero, bem como leitores contumazes de terror e suspense policial.
Para conhecer mais sobre o autor e seus livros, siga-o no Instagram @_leobrant e acompanhe os próximos lançamentos.

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Beijos!

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