ENTREVISTA COM AUTORES #221 | Autor Assores
Eu comecei escrevendo letras de música, com um desejo adolescente de montar uma banda de rock e fazer muito sucesso. Vi que minhas letras tinham uma estética um tanto poética, e então comecei a escrever pequenos versos. Depois disso comecei a escrever contos, e então passei para a prosa. Posso dizer que minha inspiração foi a vontade de criar, de moldar algo à minha vontade.
2 - Quais autores ou obras influenciaram seu estilo de escrita?
Quando eu era adolescente, eu li os Miseráveis (versão resumida), e me encantei com a história e os personagens, então, de certa forma, Victor Hugo me influenciou. Contudo, acredito que minha ideia de escrita é baseada na obra de Aldous Huxley, que é até o momento, meu autor favorito; suas obras, O Gênio e a Deusa, Contraponto e O Macaco e a Essência são para mim o objetivo de escrito que tenho para minhas obras. Há outros autores que também têm certa influência no que escrevo: George Orwell, Oscar Wilde, gosto muito das poesias de Augusto dos Anjos e William Blake.
3 - Como você lida com o bloqueio criativo?
Li uma vez que para vencer um bloqueio, você deve tentar quebrar o bloqueio; então para escritores, o conselho é escrever, mas nem sempre isso funciona comigo. Eu sou muito de escrever quando me sinto inspirado, aquele momento em que as palavras pedem para sair, nem sempre isso acontece, obviamente, então eu sempre busco por inspirações. Leio muito, tento expressar meus pensamentos através do desenho e da música, e às vezes isso ajuda com o bloqueio. Às vezes, fico meses sem escrever nada, e isso me irrita um bocado, mas acho que se eu forçar a saída das ideias, elas não sairiam como eu desejo que saiam.
4 - Quais desafios você enfrentou durante sua jornada como escritor(a)?
Um dos principais desafios foi vencer a vergonha de fazer público o que eu escrevia. Tinha muito medo de ser julgado, mesmo sabendo que minha evolução seria constante. Quando enfim tive a coragem para expor minha escrita, então veio a famosa Síndrome do Impostor, que eu penso que deve acompanhar muita gente. Tive também alguns desafios externos, como falta de tempo e disposição, desânimo com a falta de reconhecimento literário, e outros. Eles, os desafios, sempre existirão, mas hoje me sinto muito mais confiante e, de certa forma, orgulhoso por ter começado nessa jornada.
5 - Você já teve experiências significativas com seus leitores? Alguma história que gostaria de compartilhar?
Já fiz alguns leitores derramarem lágrimas, e isso me fez bem hehe. Outra vez, fui comparado a Albert Camus, o que me surpreendeu e me deixou feliz e desconfiado ao mesmo tempo.
6 - Como é o seu processo de escrita? Você segue uma rotina específica?
Não sigo rotinas com relação ao horário, mas tenho padrões. Geralmente escrevo depois das dez da noite. Sempre coloco algum som de fundo, às vezes música clássica, pois se eu colocar músicas com letras, eu me empolgo e perco a concentração. Sobre as ideias, quando elas surgem, geralmente a partir de um “E se...” meu, eu anoto, e as deixo descansar por um tempo, no que eu chamo de “cozimento”. E quando imagino que elas estão prontas, aí começo a escrever. Quanto ao processo de escrever, per se, eu sempre começo colocando todas as ideias e anotações no documento (não tenho mais disposição para escrever à mão) e começo a pensar na estrutura. Penso no título, pois não consigo dar continuidade sem ele, algo meu. Muitas vezes também faço fichas de personagem. Quando começo uma obra, na minha cabeça, eu sempre sei o começo e o fim, e isso nunca muda. Em SS Misery, eu já havia escrito o fim antes mesmo de terminar o livro. Quando escrevo os capítulos, sempre faço um pequeno resumo do que acontecerá nele.
7 - Qual é o impacto que você espera que suas obras tenham nos leitores?
Espero que se identifiquem com os personagens e os sentimentos que eles expressam nas páginas. Sendo um tanto megalomaníaco, espero que minhas obras gerem catarses, mudanças de pensamento, por isso sempre me esforço para escrever livros que tenham algo a mais para dizer além do que o enredo diz.
8 - Quais são seus planos para o futuro? Você está trabalhando em algum novo projeto?
Recentemente fiz uma escolha que me concederá mais tempo disponível para a escrita, e meu plano para esse semestre é conseguir desenvolver maior conexão com meus leitores e produzir mais. Sobre novos projetos, tenho dois que estão na minha lista de “obras para dar continuidade”, mas por enquanto não posso dar muitos detalhes. Um deles, é um livro que é bem no estilo Assores, mas o outro é algo que nunca havia feito antes, então estou gostando de me arriscar.
Gostaria de deixar algum recado para os leitores do Lost Words, e para seus futuros leitores?
Como autor independente, minha mensagem é: leiam mais independentes. Tive a felicidade de me conectar mais com esse mundo, tanto com relação às obras quanto aos autores, e afirmo com convicção que qualidade é regra.
E leiam meus livros.
Sobre sua(s) obra(s):
Sinopse: Em um pequeno vilarejo, no íntimo da floresta, fé e rancor se contrapõem às vésperas da mais importante e esperada celebração do local. Quando Sett, um participativo e respeitado integrante da comunidade, vê seus objetivos em risco, ele é obrigado a decidir entre sangue e destino.
Revelações na forma de antipatia e palavras raivosas são atiradas aos ouvidos, vozes do passado se manifestam como o vento que antecede a tempestade, e o ódio germina onde um dia havia devoção. Cobiça, desejo e violência, mas em meio a tudo isso, uma mãe alcança a ansiada harmonia à face de sua fé e de sua própria existência. - Compre aqui!
Sinopse: Sal, sol, dois homens e um bote.
Quando Severo e Maximiano se encontram perdidos em alto-mar, os dois precisam unir forças para que suas vidas sejam restauradas. Em meio às dificuldades, ambos precisarão entender um ao outro para garantir a sobrevivência e, quem sabe, a sanidade. SS Misery é uma história sobre perdição e humanidade. - Compre aqui!
Sinopse: Um ônibus lotado, encomendas atrasadas, uma porta aberta, uma fantasma gordinha, dois nomes ligados por uma cantora hippie, flores no jardim, animais selvagens com espingardas, cabras, um rádio sem pilhas e um pretenso Shakespeare… se conectam, formando o mosaico do estado de hiperconsciência e impotência, que atinge a todos nós; vulgo insônia. E, imperiosa como ela é, compeliu o autor a escrever esta seleção de contos absurdos ou não, que podem (espera-se) arrancar alguns sorrisos e lágrimas dos que se atreverem a ler esta inconstante e absurda coletânea.
Há histórias sobre aceitação, um conto acerca a natureza incompreensível da beleza em sua intangibilidade, amores (in)evitáveis, um manual de escrita criativa escondido por aí, e sentimentos e vivências, a partir da perspectiva sonolenta, porém incisiva, do autor. Tudo sob uma carga de humor e sarcasmo.
Os contos selecionados se formam e se expressam em leveza, tristeza e incerteza; possivelmente no desejo e vontade de se ter entendimento dos motivos que o corpo tem para se iludir ao tentar dormir enquanto a mente estraçalha mundos e visa responder às questões da existência. - Compre aqui!
Sobre o(a) autor(a):
Assores é escritor e professor de inglês (ESL). Se aventura em outras artes como a música e as artes plásticas (as ilustrações de capa e contracapa do livro CAJADO foram feitas por ele). Desde cedo se interessava pela arte e pela criação. Começou com letras de músicas, depois passou para a poesia, e então prosa – onde se sentiu mais à vontade. Já escreveu dois romances, Cajado e SS Misery, e uma coletânea de contos, Imperiosa Insônia, e está na produção de outro livro.
Beijos!
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