ENTREVISTA COM AUTORES #121 | Autor Rudolph Parreira
1 - Como você percebeu que queria ser escritor(a)?
A escrita está na minha vida, desde muito pequeno. Nas escolas onde estudei, sempre fui afeiçoado às disciplinas "Português" e "Redação". Este hábito foi se aprimorando ao longo dos anos. Em dois dos vestibulares que fui aprovado, por exemplo (Direito e Publicidade), nos quais a prova de Redação valia 30 pontos, obtive 28,5 pontos no vestibular de Direito, e 30 pontos no vestibular de Publicidade. Não completei o curso de Direito, pois era uma profissão que minha família queria pra mim - não eu. Já a Publicidade, me caiu como uma luva, pois envolvia (e envolve) CRIATIVIDADE, algo que "escorre pelos meus ouvidos", sem falsa modéstia, rsrsrsrsrsrsrs... Tenho uma verve meio nômade, e dei asas a isto na Publicidade, atuando em mercados relevantes, como Lisboa-PT, São Paulo-SP, Santos-SP, Brasília-DF, Goiânia-GO, Uberlândia-MG (onde nasci, a propósito), entre outros tantos. No meio publicitário, atuo desde 1992, como redator e roteirista de filmes. Então, a escrita se tornou um meio prazeroso de sustento, foi algo planejado, e aperfeiçoado com muito gosto, mesmo profissionalmente.
Já a escrita literária, é algo que me "provocava" há alguns anos. Pensava, "ora, com essa facilidade de escrever, você devia tomar frente de algo mais audacioso, se por um lado foram tantas campanhas publicitárias vencedoras, por que não abraçar um projeto autoral literário"? Também sou músico/compositor, algo que me incentivou a "rabiscar" as primeiras crônicas. Tomei gosto pela coisa, tanto, que comecei a publicar algumas crônicas em minhas redes sociais. E a receptividade foi ótima!
Então, reuni um apanhado de crônicas que já tinha prontas, e prospectei junto a editoras brasileiras, via e-mails. Quatro delas me procuraram, interessadas em me publicar. Escolhi uma, que, embora tenha se empenhado em emplacar em 2017 A ILHA DE SANTO AMARO - CRÔNICAS COTIDIANAS no Brasil, não obteve sucesso, infelizmente. Decidi, então, digitalizar o livro, e vendê-lo, "na unha".
2 - Tem algum personagem favorito? Em modo geral ou do seu(s) livro(s)? Se sim, por quê? O que ele significa para você?
Olha, de modo geral, gosto de personagens caricatos, humorísticos, bem tramados. Como o Lucídio, presente em GULA - O Clube dos Anjos, de Luís Fernando Veríssimo, que, embora taciturno, formal e maquiavélico, é um chef de cozinha super talentoso e rende boas risadas na leitura do livro.
No meu livro, amo o Tyson, com aquele jeitão meio mal-humorado, territorial, dele. Mesmo não sendo humano, o Tyson - que é fictício, inspirado na sofrida classe de cães de rua - foi agraciado com um carisma que me fascina. As cachorras da Glamour são loucas por ele, os humanos respeitam, com certo "medinho", sua dieta à base de proteínas, e o Átila, aquele galã, coitado, perde noites e noites de sono, quando se lembra de que o Tyson existe. Até os gatos são fãs dele.
3 - Como foi para você entrar no mundo literário?
Um grande desafio. Primeiro, por respeitar grandemente a nobre classe dos escritores. Segundo, por ter um exacerbado senso de autocrítica, que me instiga diuturnamente a uma certa obsessão pela originalidade.
4 - Você faz muitas pesquisas antes de escrever uma história?
Sim, muitas, muitas, principalmente com papai, o dicionário. Como não nasci na Ilha de Santo Amaro, as pesquisas foram fundamentais pra que eu não parecesse um "gafanhoto" escrevendo sobre o lugar. "Gafanhoto" é uma denominação que os nativos criaram pra quem se arrisca a viver na ilha. O povo lá não é só bairrista não, o crivo pra adoção de novos cidadãos "santamarenses" é rigoroso e às vezes, inclusive, cruel. Tomei o cuidado de mostrar parte das crônicas a amigos nascidos lá, até me certificar de que estava sendo preciso sobre as características locais, tanto do município, quanto de seus felizardos cidadãos.
5 - Existem muitas cobranças por parte de seus leitores?
Pra minha sorte, grande parte das cobranças é pelo próximo livro. Venho esboçando novas crônicas, a propósito, é bem provável que as próximas se tornem um filme, antes de virem a público na forma de uma publicação literária. Oremos, hehehehehehe...
6 - Fale um pouco sobre sua forma de criação... Possui alguma mania na hora de escrever?
Confesso que tenho mania de sinônimos e adjetivos. Às vezes, preciso me policiar, pra evitar que os textos fiquem floreados demais. Isso veio da Publicidade, certeza, hehehehe... Esse "pra", também, é algo de que gosto muito. Gosto da minha escrita "falada", que torna a leitura mais leve e ágil.
Há entre muitos escritores, inclusive eu, a adaptação de vivências pessoais. Estou chegando aos 52 anos, devo dizer que bem vividos, considerando o tanto que já viajei e morei em lugares diferentes, conhecendo gente, costumes, crenças e raças de toda sorte. E tenho certa habilidade em "metamorfosear" minhas próprias experiências. Convertê-las em novas situações. Também sou muito observador e "pescoçudo", amo "pescoçar" a conversa alheia, hábito que aprimorei em viagens urbanas de ônibus na capital paulista. E, claro, posso me dizer bom ouvinte, também. Ouço com muita atenção, quando amigos me contam suas próprias vivências. E eles adoram me ver ouvindo, rsrsrsrsrs...
7 - Quais são seus projetos para um futuro próximo?
Como mencionei, creio que meus próximos escritos têm grande potencial de se tornarem um filme. Além disso, há já um ou outro rabisco prometendo virar livro. De crônicas.
Gostaria de deixar algum recado para os leitores do Lost Words, e para seus futuros leitores?
Sim: LEIAM, LEIAM MUITO! Leituras e viagens são patrimônios, legados inerentes a toda e qualquer existência humana. Apoiem veementemente gente importante como os criadores de Lost Words, pois são heróis de uma resistência tão grandiosa quanto imprescindível a nossa Cultura.
A meus futuros leitores: eu me empenho, com grandes esforços, pra ser digno de seus olhos e mentes. Espero realizar a façanha que é prender a atenção de vocês, com estórias criativas, envolventes, provocantes, humorísticas. Estou sempre aberto a críticas construtivas. E vai me alegrar muito, se/quando eu souber que vocês estão sorrindo ao ler meu trabalho. Importante ressaltar: vocês não sabem ainda, mas, certamente, conhecem a Ilha de Santo Amaro, historicamente, ou já a visitaram pessoalmente. Certeza. Vão ter que ler o livro pra entender de que estou falando, hehehehe...
ENFIM, E TAMBÉM IMPORTANTÍSSIMO: APOIEM O ESCRITOR BRASILEIRO!
Sobre sua obra:
Sinopse: O conjunto de crônicas é muito espirituoso e cômico. O autor consegue nos transportar para a ilha, junto aos seus moradores, e acompanhamos seu cotidiano e sua visão a respeito do país e da ilha, onde morava à época que escreveu este livro. Em alguns momentos, é como se estivéssemos lá, no Bar Bebemus, vivenciando a briga dos cachorros ou o “arraiá junino”.
O tom humorístico é bastante presente, e as situações nos fazem rir justamente por serem cotidianas. O tom do narrador é bastante brasileiro, e as diferenças entre as personagens, denotadas, muitas vezes, pelos sotaques, tornam o livro muito leve de se ler.
É o retrato de uma típica cidade brasileira, com seu cotidiano permeado pela pluralidade religiosa nacional, por amizades e conflitos, por brigas entre cachorros, entre marido e mulher, confusões entre “nativos”, tudo em um mesmo lugar.
Em A Ilha de Santo Amaro – crônicas cotidianas, RUDOLPH PARREIRA descortina de um jeito leve, cativante e generoso para os leitores uma série de vivências imaginárias, divertidas, com personagens que se dividem entre fictícios e factuais, em tramas trançadas inteligentemente.
Pequenas estórias, ambientadas em diferentes pontos geográficos da ilha abordam, de forma bem-humorada, temas como política, música, profissões, relações familiares, afetivas e de amizade, lendas urbanas, religião, sexo e propaganda, entre outros.
A obra vai prender sua atenção, com uma continuidade peculiar e instigante em suas linhas.
Sobre o autor:
Nascido em 1969, em Uberlândia-MG.
Durante a infância, morou em algumas outras cidades brasileiras: Corumbá-MS, Foz do Iguaçu-PR, São Paulo-SP, Itaituba-PA e Cristalina-GO, até 1979. O pai era militar, passou por muitas transferências.
Durante a juventude, esteve em Uberlândia, onde cursou 3 faculdades: Direito (1989/incompleto), Música/Violão Erudito (1990/incompleto) e Publicidade (completo em 1998).
Na fase adulta, novas mudanças de ares: São Paulo-SP, Lisboa-PT, Campinas-SP, Goiânia-GO, São Vicente-SP e Santos-SP, atuando em agências publicitárias e/ou como freelancer publicitário.
Também foi professor universitário, em Uberlândia-MG (UNITRI – Centro Universitário do Triângulo), Patos de Minas-MG (UNIPAM – Centro Universitário de Patos de Minas) e Ituiutaba-MG (FTM –
Faculdade do Triângulo Mineiro).
Músico (compositor, cantor, violonista, violeiro e contrabaixista) desde 1988.
Atualmente, vive em Uberlândia-MG.
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